A ESQUIZOFRENIA SEGUNDO A PERSPECTIVA MÉDICA
Capítulo II

 

Nota Importante: para evitar posteriores mal-entendidos e confusões, entre este capítulo e os seguintes, alertamos o leitor que este capítulo é dedicado a estudar exclusivamente como a medicina encara os sintomas do que chama “Esquizofrenia”. Como o leitor notará nos capítulos seguintes, a medicina tem uma perspectiva muito diferente da visão espiritual, que por seu lado, encara em muitos casos essas experiências como sintomas de Mediunidade desperta.

 

As Perturbações Psicóticas

A Esquizofrenia faz parte das chamadas perturbações psicóticas ou psicoses, e é o quadro clínico principal deste grupo de doenças. As psicoses são definidas pela medicina como perturbações do funcionamento mental, caracterizadas por alterações mais ou menos profundas da personalidade, alterações da percepção, do julgamento e do raciocínio. Caracterizam-se também por algum tipo de perda de contacto com a realidade.

A ideia de psicose está popularmente ligada à ideia de loucura, de alienação. De facto, em alguns casos, as alterações de personalidade comprometem o relacionamento do indivíduo consigo próprio, com os outros e com o mundo que o rodeia.

 

Os principais sintomas para o diagnóstico destes quadros psicopatológicos são as ideias delirantes e as alucinações.

Ideias delirantes ou delírios são crenças falsas, convicções infundadas, interpretações incorrectas da realidade. Por exemplo, a pessoa acredita que o “Diabo” a está a perseguir, que é uma pessoa especial com uma missão muito importante nesta vida, etc.

As alucinações são percepções falsas, erros de reconhecimento que resultam da transformação de percepções reais. Na ausência de estímulo concreto, material, a pessoa percepciona objectos que não existem na realidade. Existem vários tipos de alucinações, tais como as alucinações auditivas, visuais, tácteis, olfactivas e gustativas.

Nas alucinações visuais a pessoa vê imagens que “mais ninguém vê”. Essas imagens podem ser simples como luzes, movimentos, vultos, figuras geométricas, cores, ou complexas como objectos, seres estranhos, pessoas, paisagens, etc.

Nas alucinações auditivas o indivíduo ouve sons, vozes, palavras e/ou frases completas, diálogos entre duas ou mais vozes, etc.

As alucinações tácteis acontecem quando a pessoa sente que toca ou foi tocada por algum objecto ou ser.

Quanto às alucinações olfactivas, o sujeito tem a convicção de sentir aromas que as outras pessoas não conseguem detectar.

Nas gustativas, o indivíduo crê num gosto diferente do que seria razoável experimentar, a comer ou a beber algo. Por exemplo, acredita que determinada comida está estragada ou envenenada. A alteração de gosto é na maioria dos casos no sentido do desagradável.

Existem ainda outros tipos de alucinações, como por exemplo, as alucinações do esquema corporal, que são caracterizadas por experiências físicas localizadas no interior do corpo. É por exemplo o caso dos pacientes que se queixam de sentir a cabeça aumentar ou diminuir de tamanho, sensação de nó na garganta, “algo” a mexer-se dentro do peito ou estômago, sentir energias a percorrer o corpo, sensação de que “está amarrado” ou “preso”, etc.

 

A presença destes sintomas pode ser acompanhada de maior ou menor crítica por parte da pessoa quanto à sua condição patológica, ou seja, até que ponto a pessoa acredita que tem esses sintomas e como os encara: como algo normal ou como algo que não deveria de acontecer.

Pelo menos no passado, a psiquiatria considerava que quanto menos critica a pessoa apresentava pior seria o seu caso. Isto significa que, quanto mais a pessoa acreditava e considerava “normal” o facto de “ouvir vozes” que faziam comentários acerca de si ou de “ver Espíritos”, pior seria o seu caso. Por outro lado, as pessoas que tinham estes mesmos sintomas mas que julgavam que estavam doentes, que aceitavam a ideia de que não deveriam ter esses sintomas, que acreditavam ser o seu cérebro que estava a funcionar mal, melhor prognóstico apresentam à partida embora nem sempre isso fosse verdade.

 

E de facto, actualmente, sabe-se que as coisas não se passam bem assim. Muito pelo contrário em alguns casos.

Provavelmente, a maioria dos muitos casos em que o prognóstico foi favorável, em que a pessoa readquiriu o controlo da sua vida e deixou de ter necessidade de vigilância médica, foram justamente pessoas que a dada altura da sua vida aceitaram com naturalidade o facto de passarem por determinadas experiências e serem sensíveis a determinados estímulos que a maioria das pessoas não o é. Compreenderam que o que se estava a passar consigo era uma perturbação do foro espiritual e não algum tipo de anomalia psíquica. Mantendo ou não o acompanhamento médico, recorreram a orientação espiritual, encontrando as respostas necessárias para as suas melhoras efectivas. Mas disso falaremos mais adiante.

 

As várias Perturbações Psicóticas

 

A Esquizofrenia é uma perturbação psicótica. Como já vimos, as perturbações psicóticas têm em comum a presença de delírios e alucinações.

No DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais da Associação Americana de Psiquiatria), o guia de diagnóstico das perturbações mentais mais utilizado actualmente, estão reunidas no capítulo das Perturbações Psicóticas vários quadros clínicos incluindo a Esquizofrenia. São excluídos da classificação de “Perturbações Psicóticas” outras doenças que possam ser acompanhadas de sintomas psicóticos (delírios, alucinações), mas em que existe uma alteração evidente no funcionamento do organismo. São por exemplo os casos de Demência do Tipo Alzheimer, Delirium Induzido por Substância (álcool e drogas ilícitas por exemplo), Transtorno Amnésico, etc., que pertencem a outros capítulos. Isto significa que segundo este manual, um paciente apenas pode ser diagnosticado com Esquizofrenia quando não exista nenhuma alteração no funcionamento do organismo que possa explicar os sintomas. Dito de outra forma, está excluída a possibilidade de doença física.

 

Eis um resumo das perturbações psicóticas:

  • A Esquizofrenia é uma perturbação que dura há pelo menos 6 meses e inclui pelo menos um mês de sintomas da fase activa, em que a pessoa apresenta dois ou mais dos seguintes sintomas: delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatónico, e perda de faculdades intelectuais. Estão também incluídos nesta secção vários subtipos de Esquizofrenia: Paranóide, Desorganizada, Catatónica, Indiferenciada e Residual.
  • A Perturbação Esquizofreniforme caracteriza-se por apresentar os mesmos sintomas que a Esquizofrenia mas a duração da doença é de pelo menos um mês mas inferior a 6 meses, e não é exigido para o seu diagnóstico um prejuízo no funcionamento social ou ocupacional durante alguma parte da doença (embora possa ocorrer).
  • A Perturbação Esquizoafetiva é uma perturbação na qual um episódio de humor (depressão, ansiedade, mania ou seja humor excessivamente elevado) e sintomas da fase activa da Esquizofrenia (período em que os sintomas da Esquizofrenia se manifestam) ocorrem juntos e foram precedidos ou seguidos por pelo menos 2 semanas de delírios ou alucinações sem sintomas proeminentes de humor.
  • A Perturbação Delirante caracteriza-se por pelo menos um mês de delírios não bizarros sem outros sintomas da fase activa da Esquizofrenia. Esses delírios envolvem situações vulgares da vida real, cujo conteúdo é plausível, como por exemplo, ser seguido, envenenado, infectado, traído pelo cônjuge ou parceiro, etc. De acordo com a temática os delírios estão organizados em diversos tipos:

 

– Tipo Erotomania: em que o sujeito acredita que determinada pessoa está apaixonada pelo indivíduo.

– Tipo Grandeza: delírios em que a pessoa acredita que tem grande valor, poder, conhecimento, identidade ou relação especial com uma divindade ou pessoa famosa.

– Tipo Ciúme: delírios em que existe a convicção que o parceiro sexual do indivíduo é infiel.

– Tipo Persecutório: a pessoa acredita que está a ser perseguida, que alguém lhe quer fazer mal.

– Tipo Somático: a pessoa está convicta que sofre de um defeito ou doença física.

– Tipo Misto: a pessoa apresenta vários tipos de delírios, não havendo predomínio de nenhum deles.

– Tipo Não Especificado: os delírios apresentam uma temática diferente das anteriores ou não se consegue ajuizar a existência de uma temática dominante.

 

  • A Perturbação Psicótica Breve é uma perturbação psicótica com duração maior que 1 dia, em que a remissão dos sintomas não ultrapassa um mês.
  • A Perturbação Psicótica Induzida (“folie à deux” ou “folia a dois”, também chamada “loucura induzida”) é uma perturbação que se desenvolve num indivíduo por influência de outro com um delírio estabelecido de conteúdo similar.
  • Na Perturbação Psicótica Devida a Um Estado Físico Geral, considera-se que os sintomas psicóticos são consequência fisiológica directa de um estado físico geral (doença física por exemplo).
  • Perturbação Psicótica Induzida por Substâncias: os sintomas psicóticos são considerados uma consequência fisiológica directa do abuso de uma droga, de um medicamento ou exposição a um agente tóxico.
  • A Perturbação Psicótica Sem Outra Especificação é incluída para classificar quadros psicóticos que não satisfazem os critérios para nenhuma das Perturbações Psicóticas especificadas até agora.

 

Como se pode verificar, o quadro clínico principal é a Esquizofrenia. Os outros diagnósticos apenas diferem do diagnóstico de Esquizofrenia em algum pormenor. Por exemplo, o tempo de duração dos sintomas pode dar origem a um diagnóstico diferente embora os sintomas sejam semelhantes.

 

Para muitos profissionais de saúde mental, em muitos pacientes, as diferentes possibilidades de diagnóstico (o chamado “diagnóstico diferencial”) são pouco relevantes, desde que estejam preenchidos os requisitos mínimos para o diagnóstico da Esquizofrenia, ou seja, a presença de delírios e alucinações por um lado, e a ausência de uma doença física que justifique os sintomas por outro.

 

 

O Diagnóstico da Esquizofrenia

O termo “Esquizofrenia” quer dizer “cisão da mente/pensamento” e foi introduzido em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, para definir uma doença psíquica caracterizada basicamente pela “cisão do pensamento, do afecto, da vontade e do sentimento subjectivo da personalidade”, (esquizo = cisão, frenia = mente). A Esquizofrenia foi no passado muito associada à loucura e considerada uma doença incurável, sendo também chamada de “demência precoce”, devido ao número de jovens a quem este quadro clínico era diagnosticado.

Embora actualmente menos utilizada e até mesmo rejeitada por alguns profissionais de saúde mental, a Esquizofrenia chegou a ter a definição de “desdobramento da personalidade” assim como de “personalidade múltipla”, deixando neste último caso implícita a ideia que a pessoa devido a esta doença adquiriria outra ou outras personalidades, funcionando assim com “vários eus”.

De facto, muitas pessoas queixavam-se (e continuam a queixar-se) de haver “alguém”, “alguma vontade” que não a sua, que lhe dominava a mente ou lhe influenciava de alguma forma o pensamento.

Noutros casos, verificava-se que a pessoa de facto parecia “incorporar” outra ou outras personalidades, adquirindo comportamentos e traços de personalidade diferentes do esperado. Alguns pacientes, por vezes sem se darem conta, pareciam inclusivamente mudar de voz, indo essa variação desde simples nuances até aos casos em que a alteração da voz era extrema, como por exemplo, uma jovem de tenra idade falar com voz nitidamente masculina e adquirindo tiques e maneirismos muito diferentes do habitual.

Ora das duas uma, ou a pessoa estava a fingir, a dissimular uma personalidade que não a sua (o que não é provável que aconteça em todos os casos), ou então, tratava-se de facto de outra personalidade (um Espírito desencarnado). Exceptuando as fraudes, trata-se de um caso de “Mediunidade de Incorporação”.

Tendo em atenção que a personalidade de qualquer pessoa demora anos a formar-se, desde a infância até à idade adulta, parece pouco plausível que de um dia para o outro, alguém assuma de ânimo leve uma personalidade diferente da que acostumou as pessoas com quem lida diariamente.

É muitas vezes a própria família a primeira a reconhecer que o paciente apresenta traços de personalidade diferentes. E em muitos casos, assegura que o indivíduo “nunca foi pessoa de mentira ou fingimento”.

Importa referir que a Perturbação Múltipla da Personalidade, actualmente designada Perturbação Dissociativa da Identidade, encontra-se excluída das Perturbações Psicóticas do referido manual e está incluída no capítulo das “Perturbações Dissociativas”. As Perturbações Dissociativas são caracterizadas por alterações mais ou menos profundas da consciência, memória, percepção, e claro, da identidade da pessoa.

 

Como algumas pessoas mais dentro deste tema facilmente compreenderão, vários pacientes preenchem critérios de diagnóstico de Esquizofrenia e Perturbação Múltipla da Personalidade (e ainda de outros quadros psicopatológicos), o que dá para ter uma ideia da dificuldade que por vezes os clínicos têm em atribuir um diagnóstico a algumas pessoas segundo as modernas classificações. O resultado é muitas vezes: diferentes médicos ou psicólogos, diferentes diagnósticos! E isto sem contar com o facto que algumas pessoas escondem alguns sintomas do clínico.

Continuando, actualmente existe um conjunto de critérios que precisam de ser satisfeitos para a atribuição do diagnóstico da Esquizofrenia pela moderna psiquiatria. A seguir serão descritos os critérios segundo o DSM-IV.

 

Critério A. Sintomas característicos: dois (ou mais) dos seguintes, cada um presente por um período significativo de tempo durante um mês:

(1) Delírios
(2) Alucinações
(3) Discurso desorganizado (por exemplo, frequente descarrilamento ou incoerência do discurso verbal)
(4) Comportamento marcadamente desorganizado ou catatónico (falta de iniciativa motora, o paciente permanece imóvel, por vezes em posições bizarras)
(5) Sintomas negativos: diminuição da efectividade, falta de motivação ou vontade, empobrecimento do pensamento

Nota: Apenas um sintoma do Critério A é necessário se os delírios são bizarros (a pessoa diz coisas absurdas) ou as alucinações consistem de vozes que comentam o comportamento ou os pensamentos da pessoa, ou duas ou mais vozes conversando entre si.

Critério B. Disfunção social/ocupacional: desde o início da perturbação e por um período significativo de tempo, uma ou mais áreas importantes do funcionamento, tais como trabalho, relações interpessoais ou cuidados pessoais (higiene, apresentação, vestuário, etc.), estão acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início da perturbação (ou, quando o inicio dos sintomas ocorre na infância ou adolescência, verifica-se uma incapacidade para atingir o nível interpessoal, académico ou ocupacional esperado).

Critério C. Duração: os sinais contínuos da perturbação persistem pelo menos durante 6 meses.

Critério D. Exclusão de outros quadros clínicos tais como perturbações do humor como a depressão, etc.

Critério E. Exclusão de substância/condição médica geral: a perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos directos de uma substância (por ex., abuso de droga, medicamento) ou a uma condição médica geral (doença física que explique os sintomas).

Critério F. Relação com uma Perturbação Global do Desenvolvimento: caso exista história de Perturbação Autista ou outra Perturbação Global do Desenvolvimento, o diagnóstico adicional de Esquizofrenia só é realizado se estiverem presentes ideias delirantes ou alucinações proeminentes pelo período mínimo de um mês.

 

Os sintomas da Esquizofrenia são classificados de “positivos” e “negativos”.

Sintomas positivos são alterações do funcionamento mental onde há um “acrescentar” de faculdades, como por exemplo, ouvir vozes ou ver imagens irreais. São considerados sintomas positivos:

– As alucinações
– Os delírios
– Pensamento e discurso desorganizado
– Agitação (ansiedade, impulsos)

Sintomas negativos são resultado da perda ou diminuição das faculdades consideradas normais:

– Avolição (falta de vontade, de iniciativa)
– Isolamento social
– Apatia
– Indiferença emocional (ausência de reacção emocional em circunstâncias em que isso é esperado)
– Pobreza de pensamento

 

Além do diagnóstico de “Esquizofrenia”, determinados sintomas podem resultar no diagnóstico de um sub-tipo de Esquizofrenia. Por exemplo, Esquizofrenia Tipo Paranóide.

 

Subtipos de Esquizofrenia

Tipo Paranóide: caracteriza-se por uma preocupação com uma ou mais ideias delirantes persecutórias (a pessoa acredita que alguém lhe quer fazer mal) ou presença de alucinações auditivas frequentes.

Tipo Desorganizado ou Hebefrénico: caracteriza-se por expressão desorganizada, comportamento desorganizado e emoções diminuídas (embotamento afectivo) ou inapropriadas.

A Esquizofrenia Tipo Catatónico caracteriza-se por sintomas físicos como a imobilidade (o indivíduo permanece imóvel em determinada postura durante longos períodos), actividade motora excessiva ou adopção de posturas incomuns e mesmo bizarras. O paciente pode revelar um negativismo extremo: resiste a todas as instruções e ofertas de ajuda aparentemente sem motivo, não comunicando.

Em alguns casos ocorre ecolalia (a pessoa repete o que houve) e ecopraxia (repetição compulsiva dos movimentos das outras pessoas).

Na Esquizofrenia Tipo Indiferenciado os sintomas que preenchem o critério A estão presentes mas não são encontrados os critérios para os Tipo Paranóide, Desorganizado ou Catatónico.

Esquizofrenia Tipo Residual: ausência de ideias delirantes dominantes, de alucinações, de discurso desorganizado, bem como ausência de comportamento marcadamente desorganizado ou catatónico. Existe uma evidência constante da perturbação, traduzida pela presença de forma atenuada de sintomas negativos ou de dois ou mais sintomas presentes no critério A da Esquizofrenia apresentados (por exemplo, crenças estranhas, experiências perceptivas estranhas).

 

Início e Frequência da Esquizofrenia

 

O início é geralmente precoce, afectando maioritariamente jovens entre os 15 e os 25 anos. Nas outras idades é menos frequente. O diagnóstico de Esquizofrenia antes dos 10 anos de idade e depois dos 50 é raro.

Afecta igualmente pessoas do sexo masculino e feminino. O surgimento dos sintomas em pessoas do sexo masculino é frequentemente mais precoce.

A distribuição entre a população mundial estima-se em 1%. Factores como abuso de drogas e álcool, pertença a famílias disfuncionais, história de Esquizofrenia na família e traumas infantis têm sido associados a alguns casos de Esquizofrenia.

 

Factores Agravantes

As alterações drásticas que muitos pacientes experimentam nas suas vidas só por si pode levar a uma mudança radical na forma como a pessoa se encara a si e aos outros, ao mundo e à Vida em geral. O estigma da doença, assim como os preconceitos sociais e a própria rejeição/marginalização do sujeito, podem funcionar como factores agravantes deste quadro clínico, muitas vezes de forma grave. Algumas das variáveis que em certos casos contribuem para uma evolução desfavorável desta perturbação são:

  • Falta de apoio familiar ou apoio deficiente. Algumas famílias problemáticas contribuem para o agravamento da doença, “ajudando” a pessoa a encarnar o papel de “doente mental”
  • Dificuldades económicas da família (no caso de jovens) ou do próprio (quando adulto)
  • Consumo de drogas e álcool
  • Falta de acesso a actividades laborais (caso as faculdades o permitam) ou a actividades de terapia ocupacional ou outras. O trabalho é um dos maiores senão o principal organizador psíquico do Homem actual. O muito tempo livre e a falta de ocupação leva a que um grande número de pacientes centre a sua actividade mental nos sintomas e em diálogos interiores que não levam a lado nenhum, e que podem piorar a sua situação.
  • Isolamento e falta de convívio social (onde a pessoa poderia exercer e ser estimulada a desenvolver as suas competências    intelectuais incluindo as de comunicação)
  • Presença de doença orgânica incapacitante (incluindo do sistema nervoso)
  • Deficiência mental

 Um dos maiores dramas dos “esquizofrénicos” é a rejeição social e em alguns casos a rejeição familiar. A falta de compreensão e de informação sobre o que está a acontecer leva certos indivíduos a aceitaram que estão de facto doentes, o que muitas vezes não é verdade.

 

Tratamento e Prognóstico (evolução da doença)

 A Organização Mundial de Saúde reconhece a Esquizofrenia como uma doença incurável. Algumas pessoas, com o tempo, conseguem um certo grau de melhoria/recuperação. Mas muitas não.

O diagnóstico precoce favorece em alguns casos o bom prognóstico da doença. O tratamento farmacológico direcciona-se aos sintomas. O tratamento dos sintomas apresenta alguns resultados positivos no controlo emocional (ansiedade, ataques de pânico). Num número significativo de casos a medicação não consegue eliminar sintomas como o estado de humor continuamente deprimido, ter pensamentos que não são do próprio, etc.

Apesar disso, a toma de medicamentos que actuam a nível da estabilização do humor permitem a muitas pessoas levarem uma vida razoavelmente integrada em contexto familiar, laboral e social.

Embora exista de facto a doença esquizofrenia a maioria dos diagnósticos são inúteis e errados. A maioria das pessoas têm a mediunidade desperta e precisam de dedicar um pouco do seu tempo à espiritualidade. Milhões de pessoas em todo o mundo têm exactamente os mesmos sintomas dos “esquizofrénicos” mas têm uma vida perfeitamente normal e sem necessidade de tomarem medicação.

O sucesso do tratamento (e raramente da cura) depende das características individuais do indivíduo (personalidade, compreensão, ânimo em não desistir de lutar pela sua sanidade mental, desenvolvimento pessoal atingido antes do início dos sintomas, etc.), assim como das variáveis sociais (suporte familiar, acompanhamento médico e psicológico, meio cultural, etc.). O diagnóstico e intervenção precoce, assim como o empenho do sujeito em cumprir o tratamento farmacológico são encarados como factores positivos pela psiquiatria para um prognóstico mais favorável.

Existem casos em que o paciente de alguma maneira aprende a viver com os sintomas. Isto quer dizer que, consoante os casos, o indivíduo continua a ver determinadas imagens, a ter determinados pensamentos, a ouvir determinadas vozes e a passar por alguns momentos de angústia mas desvaloriza esses sintomas. Estes casos são encarados também como um prognóstico favorável, principalmente quando a pessoa tem uma vida activa. O facto de a pessoa aprender a viver com os sintomas sem perder o controlo emocional evita as urgências psiquiátricas que são em muitos casos uma constante no início da perturbação.

 

A Organização Mundial de Saúde concluiu que em algumas culturas como por exemplo certas regiões de África e Índia, e certos meios onde se realizam determinadas práticas religiosas como no Brasil, a Esquizofrenia apresenta um prognóstico mais favorável, não porque os sintomas sejam diferentes ou menos graves, mas porque existe uma maior aceitação social do fenómeno.

 

Como iremos ver mais à frente, esta “brilhante” conclusão da Organização Mundial de Saúde, deve-se ao facto de em muitos meios os sintomas de Esquizofrenia não serem encarados como uma doença física ou mental, mas sim, como uma perturbação de origem espiritual. O prognóstico é “mais favorável” porque a pessoa aprende a lidar com os fenómenos e ultrapassa a fase de incompreensão e “medo do desconhecido”, que leva ao sofrimento de uma grande parte das pessoas.

 

Diagnóstico Esquizofrenia: Um Panorama Pouco Animador Segundo A Medicina Actual

A Esquizofrenia é comummente considerada pela ciência médica, nomeadamente pela psiquiatria, como a doença mental sem causa orgânica mais grave. Em saúde mental é o diagnóstico que mais atemoriza os familiares e os próprios pacientes, que pensam muitas vezes na possibilidade assustadora de virem a “ficar loucos”, de perderem o controlo das suas vidas.

O sofrimento é geralmente aumentado devido à incompreensão da pessoa pelo que lhe está a acontecer, assim como pela falta de resposta médica em curar esta perturbação.

Normalmente, quando surgem os primeiros sintomas realizam-se exames médicos de todos os géneros e percorrem-se várias especialidades médicas. Numa espécie de “via-sacra” que em certos casos parece interminável, em que nenhum profissional “acerta” com o problema e respectivo tratamento, repetem-se exames e não é encontrada nenhuma causa para os sintomas do indivíduo.

Excluída a possibilidade de causa orgânica, passa-se para a possibilidade de diagnóstico psiquiátrico. Mas mesmo aqui, raramente existem respostas satisfatórias para “o problema”. Dependendo dos sintomas apresentados, são diagnosticados todos os géneros de quadros clínicos. Não raras pessoas são diagnosticadas com duas, três, quatro ou mais doenças consoante mudam de profissional de saúde.

Em alguns casos o diagnóstico chama-se “Esquizofrenia”. E isso geralmente acontece nos casos em que a pessoa não esconde nenhum dos sintomas como muitas vezes acontece, tais como “ouvir vozes”, ver “imagens de Espíritos”, etc. Nos casos em que a pessoa esconde uma parte dos sintomas, geralmente por acreditar que o clínico não a iria compreender, assim como o pavor do médico rotular a pessoa de “louca”, ou ainda, de a internar num hospital psiquiátrico o que poderia ter repercussões familiares, profissionais e sociais, as possibilidades são muitas: “depressão”, “hipocondria”, “ansiedade”, “ataques de pânico”, “neurose”, “perturbação obsessivo-compulsiva”, “perturbação bipolar”, “demência precoce”, “perturbação de personalidade”, “desrealização”, etc.

 

 Milhões de pessoas em todo o mundo praticam exercícios espirituais para desenvolvem a mediunidade que tanto assusta a outros.

Para muitos psiquiatras, a única intervenção possível consiste na prescrição de medicamentos com efeito ansiolítico, anti-psicótico, antidepressivo, anti-epilético… muitas vezes durante inúmeros anos e mesmo para o resto da vida. A maior parte desses fármacos afectam significativamente o sistema nervoso e têm efeitos secundários mais ou menos graves, principalmente se tomados durante muito tempo.

Felizmente, pensa-se que os novos fármacos causam efeitos secundários menos graves do que acontecia no passado. Mas ainda assim, causam, e em muitos casos, é preciso “esperar para ver” se de facto esses fármacos têm efeitos secundários menos graves. Além disso, não tratam a causa pois a ciência médica não conhece a causa desta doença. Procuram eliminar os sintomas afectando o funcionamento do sistema nervoso.

E como se isso não bastasse, também não se sabe lá muito bem como muitos fármacos funcionam. Sabe-se que têm determinado efeito (!) e por vezes fazem com que a pessoa se sinta melhor. E até aqui tudo bem. Mas como é actuam e o que realmente fazem ao sistema nervoso, assim como quais são efectivamente todos os efeitos secundários, quer a curto quer a longo prazo, isso muitas vezes não se sabe.

Além disso, um número significativo de pessoas, mesmo após anos de medicação não consegue adquirir (ou readquirir) o equilíbrio psíquico necessário para levar uma vida considerada “normal”. Algumas pessoas não conseguem viver a sua vida de forma independente.

Para alguns estudiosos e profissionais de saúde mental, a Esquizofrenia é uma “perturbação mental” que pode ser controlada com o mínimo de medicamentação, desde que a pessoa tenha suporte familiar, social e económico necessário para viver a sua vida com o mínimo de dependência possível. Contudo, não faltam evidências e exemplos que não chega muitas vezes a pessoa ter todos os meios financeiros ao seu dispor, assim como um bom apoio familiar para chegar à cura.

Todos estes factos levam a pensar que a medicina está aparentemente muito longe de ajudar de forma satisfatória os milhares de jovens e adultos que todos os anos se vêm a braços com os sintomas de Esquizofrenia.

Mas será que a medicina é a única abordagem possível da Esquizofrenia? Será que não existe esperança?

Claro que sim. É isso mesmo que iremos ver a seguir.

 

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