Capítulo IX

O Espiritismo

 

Todo o Ser Humano é médium por direito. Nada nem ninguém pode retirar-lhe esse dom. É um atributo espiritual, uma faculdade inerente à sua condição de Espírito, exactamente da mesma forma que o fogo é indissociável do calor. A diferença é que pode estar mais ou menos desenvolvida essa capacidade na sua forma consciente.

Existem inúmeros métodos e técnicas de desenvolvimento espiritual para desenvolver os dons mediúnicos ou espirituais.

 

Uma das mensagens deste trabalho é chamar a atenção que por ignorância, muitos sofrem por terem desenvolvidos dons que muitos outros esforçam-se para os conseguir desenvolver. E muitas vezes, não os conseguem desenvolver mesmo depois de uma vida inteira dedicada ao desenvolvimento espiritual!

Parece estranho não é? Para muitos é até mesmo ridículo, irracional, contrário a toda a lógica.

Mas é a verdade. É mesmo esse o estado em que as coisas estão. O que para uns é uma bênção, é para outros, seja por incompreensão, por ignorância, por falta de aceitação, falta de apoio, orientação ou outro motivo, uma “maldição”.

 

Como já dissemos, existem inúmeras correntes espirituais que tratam de forma directa com a Mediunidade. Foi o exercício da Mediunidade que possibilitou a origem de todas as religiões. O máximo de desenvolvimento espiritual a que o Homem pode aspirar está directamente relacionado com o desenvolvimento da Mediunidade. O destino do Ser Humano é ser “Médium Perfeito da Vontade Divina”. Aí poderá dizer como Jesus Cristo, “Eu o Pai somos Um”.

 

É isso que tem escapado a muitos espiritualistas, incluindo pessoas com muito conhecimento. A partir de determinada altura, dificilmente avançarão muito mais sem desenvolver a consciência espiritual e a sintonia com a “vontade do Alto”. Para os que querem chegar verdadeiramente longe no caminho espiritual, terão mais tarde ou mais cedo de desenvolver a auto-entrega a Deus, aguardando e procurando compreender a melhor forma de serem úteis e servir a Deus e o próximo no seu dia-a-dia. E para isso, é preciso desenvolver algum tipo de Mediunidade, nomeadamente a intuitiva.

Pode-se ler muitos livros, estudar muitas religiões, psicologia, filosofia, etc., mas chegará a um ponto em que sem orientação espiritual, muitas pessoas entram por vezes em estado de confusão e têm a sensação de “andar sem sair do mesmo sítio”.

É por isso que em certos meios espirituais, quando a pessoa está preparada (e não porque pensa que está), e quer assumir o seu compromisso com a espiritualidade, um dos primeiros passos a ser dados no Caminho espiritual consiste em aprender a sintonizar-se com o seu Guia ou Guias de Luz.

O Ser Humano sem orientação é muitas vezes como um viajante que anda por uma floresta densa, enegrecida ao final do dia, cheia de animais perigosos e armadilhas, tanto naturais como de inimigos que o querem ver perdido ou atolado nalgum pântano. Os Guias de Luz são como pássaros amigos que voam livremente por todos os lugares, que sabem os perigos que podem estar à espreita, assim como, o caminho que temos de percorrer. Eles não podem caminhar por nós nem resolver os nossos próprios problemas. Esse é o nosso trabalho. Mas podem orientar, elevar o ânimo, bater nas costas quando “escorregamos” por inabilidade ou rebeldia, dar conselhos, e de vez em quando, quando Deus o permite, “dar uma mãozinha”.

 

Escolhemos abordar de forma breve a corrente espiritual que julgamos ser a mais indicada para estudar o fenómeno da Mediunidade. É também a de mais fácil acesso aos interessados: o Espiritismo.

Dito isto, queremos apenas sublinhar que o espiritismo não é a única corrente espiritual que sabe lidar com a Mediunidade, com os sintomas do que vulgarmente se chama de “Esquizofrenia”.

Cabe a cada um que se interessa por este assunto, a escolha da corrente espiritual que bem entenda, ou que simplesmente, esteja ao seu alcance, tendo em atenção por exemplo, o centro espiritual mais perto da sua residência.

 

 

 

Porquê o Espiritismo?

 

O espiritismo aborda os mais variados aspectos da existência, assim como dá grande enfoque à influência constante que os Espíritos exercem sobre o Ser Humano. Estuda exaustivamente a Mediunidade, os fenómenos mediúnicos e as chamadas “perturbações” ou “doenças espirituais”. Oferece conselhos e orientações de valor incontornável para os que queiram servir a causa da espiritualidade superior, a Deus e ao próximo com esses sublimes dons, trabalhando assim pelo seu progresso e felicidade futura.

A escolha do espiritismo de entre as várias correntes espirituais que se conhecem, que são acessíveis ao grande público e que ajudariam a compreender a Mediunidade e o seu papel no progresso humano, deve-se a duas razões:

– Em primeiro lugar este movimento foi criado justamente para disponibilizar a todas as pessoas, independentemente do seu estatuto socio-económico, sexo, raça, religião ou outro, os conhecimentos relativamente à espiritualidade superior e aos fenómenos mediúnicos, algo bem diferente do que acontecia no passado como já foi referido. O espiritismo kardecista procura fazer chegar a todos os interessados aquilo que durante milhares de anos foi de alguma forma secreto, inacessível ao Homem comum, aos pobres, mulheres e doentes. Muitos daqueles que tiveram o “atrevimento” de divulgar publicamente alguns dos ensinamentos secretos pagaram com a própria vida. Por exemplo Jesus Cristo foi muito criticado e marginalizado por divulgar aos mais necessitados (pobres, doentes e aos chamados “pecadores”), conhecimentos que apenas eram transmitidos em ambientes reservados a pessoas “idóneas”, que dedicavam toda a sua vida ao estudo dos “mistérios da Vida”.

– O outro argumento de peso prende-se com a preocupação de transmitir esses conhecimentos numa linguagem acessível à maioria das pessoas. A linguagem utilizada pelo espiritismo dispensa a utilização de palavras de difícil compreensão, tais como palavras de origem sânscrita, tibetana ou outras, assim como expressões criadas por algumas modernas correntes espirituais, que tornam os seus textos mais difíceis de compreender. Por exemplo, são conhecidos actualmente imensos textos iniciáticos cuja origem se deve a correntes espirituais chamadas de “herméticas”, “alquímicas”, “maçónicas”, “rosa-cruz”, etc., que estão escritas em código de forma a serem textos apenas compreensíveis a pessoas com orientação de um mestre espiritual. Alguns textos foram escritos propositadamente com falsidades para esconderem certas chaves iniciáticas. Algumas destas correntes espirituais ainda existem. Em alguns casos, o ingresso nessas correntes espirituais ainda está apenas ao alcance de [alguns] ricos, poderosos e famosos, o que origina a possibilidade e direito de pensar que essas correntes parecem estar mais interessadas nos “poderes do mundo material” do que com o progresso espiritual da Humanidade e com as dádivas da espiritualidade, que segundo os grandes mestres, devem de estar ao alcance de todos os “filhos de Deus”, principalmente daqueles que mais precisam e dos que as procuram, como foi exemplificado por Jesus Cristo!

 

O espiritismo iniciado por Allan Kardec pretendeu anular estas grandes e quase incompreensíveis lacunas, e colocar à disposição de toda a Humanidade os mais elevados conhecimentos espirituais. Dizemos “quase incompreensíveis” olhando para os tempos actuais. No entanto, é preciso compreender que muito desse secretismo se deveu ao medo de represálias por parte dos poderosos da altura, poderosos da religião e do poder político, que poderiam sentirem-se ameaçados quanto à satisfação dos seus próprios interesses (materiais).

De facto, se pensarmos nas milhares de pessoas que foram assassinadas, muitas delas brutalmente sujeitas a todo o tipo de suplícios como muitos mártires cristãos, e em períodos históricos como a “Inquisição”, não é difícil compreender porque o conhecimento acerca da Mediunidade e desenvolvimento espiritual superior era mantido assim tão secreto!

 

Apesar de no seu início não pretender ensinar nada que já não seja ensinado pelas diferentes religiões, a verdade é que o espiritismo reuniu e sintetizou o fundamental, colocando à disposição de todos os interessados o conhecimento que antes era inacessível à população em geral, e fê-lo numa linguagem simples, facilmente acessível à maioria das pessoas, evitando as palavras de línguas difíceis de entender para muitas pessoas, os artificialismos intelectuais, assim como a linguagem enigmática tão ao gosto de algumas correntes espirituais.

 

 

Allan Kardec: o Codificador do Espiritismo Moderno

 

Denizard Hippolyte-Léon Rivail (que ficou conhecido pelo pseudónimo de Allan Kardec), nasceu na cidade de francesa de Lyon a 3 de Outubro de 1804. Fez em Lyon os primeiros estudos, tendo seguido depois para a Suíça onde na cidade de Yverdun completa a sua instrução.

Como educador publicou vários trabalhos notáveis para a época como o “Plano para o Melhoramento da Instrução Pública”, “Curso Prático e Teórico de Aritmética” e “Gramática Francesa Clássica” entre outros, tendo sido condecorado pelo governo Francês pela sua vasta obra dedicada à Educação, adoptada no ensino oficial francês.

 

Segundo reza a história, em 1854 Denizard Rivail ouve falar pela primeira vez nas “mesas girantes” através de um amigo, Fortier, que um dia lhe falou no fenómeno. As ditas mesas não só se mexiam de forma aparentemente inexplicável como comunicavam mensagens inteligentes.

Denizard achou que as mesas poderiam agitar-se sob a pressão do fluido magnético humano mas não encontrava explicação para o conteúdo inteligente das comunicações, supostamente realizados por seres espirituais que comunicavam com os vivos.

Em 1855, em resposta ao convite de um amigo assiste a uma sessão destas mesas girantes. Esse amigo, Carlotti, explica-lhe que todo o fenómeno era possível devido à presença de Espíritos.

Entusiasmado, Rivail passou a observar assiduamente aquele fenómeno que o intrigava, até que começou a fazer perguntas aos Espíritos de forma organizada e sistemática, analisando criticamente todas as respostas e procedimentos realizados para obter essas comunicações.

Quando Denizard Rivail não podia estar presente nas reuniões, os seus amigos anotavam as comunicações espirituais e ele mais tarde reflectia sobre elas. Mais tarde e devido ao interesse crescente tanto dele como de outros estudiosos, começa a dedicar grande parte do seu tempo ao estudo destes fenómenos.

Importa referir que nesse tempo as sessões espíritas eram muito vulgares, tendo para muitas pessoas adquirido um estatuto de diversão e de passatempo. Muitas pessoas reuniam-se em grupo à noite e dedicavam-se a essas sessões.

Desse grupo fazia parte pessoas respeitadas como Réné Taillandier, membro da Academia de Ciências, Tiedeman-Manthèse Sardu, pai e filho, M. Carlitti, e também Didier, editor que estudava em conjunto com os outros membros esses fenómenos mediúnicos à mais de cinco anos, tendo em seu poder mais de cinquenta cadernos de comunicações espirituais. Devido a dificuldades sentidas em ordenar esses cadernos, pediu a Rivail que com os seus vastos conhecimentos académicos e capacidade de síntese classificasse os apontamentos e relatos das experiências a que vinham assistindo, muitas delas realizadas em várias cidades e com grupos diferentes de médiuns.

Rivail, aceitou a tarefa e segundo as palavras próprio, “foi da comparação e da fusão de todas essas respostas coordenadas, classificadas e muitas vezes refundidas no silêncio da meditação, que formei a edição de O Livro dos Espíritos, que saiu em 18 de Abril de 1857.”

 

Depois funda e dirige a “Revista Espírita” que aparece em Janeiro de 1858, começando assim a tarefa de codificar o Espiritismo através da Mediunidade de várias pessoas dedicadas a esta causa. O “Livro dos Médiuns”, que visa dar orientações sobre desenvolvimento mediúnico e comunicações espirituais é editado em Janeiro de 1861, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” em Abril de 1864, o “Céu e o Inferno” ou “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo” em Janeiro de 1865, e “A Génese”, em Janeiro de 1868.

 

O pseudónimo de Allan Kardec tem origem numa comunicação mediúnica realizada numa reunião em que o seu Espírito Protector “Z”, comunica-lhe através de um médium a informação que já o conhecia. Tinham sido amigos numa existência anterior em que Rivail era um sacerdote Druida na época em que ambos viviam na Gália no País dos Gauleses na França pré-romana, e que nessa altura Rivail se chamava Allan Kardec.

 

Kardec encontrou no espiritismo e no estudo da influência que os Espíritos podem operar nas pessoas, as explicações e o tratamento adequado para inúmeras perturbações, como casos de loucura, Esquizofrenia, comportamentos estranhos e bizarros que muitos pacientes psiquiátricos tinham, e que a ciência médica da altura não oferecia nem explicação nem cura satisfatórias (como actualmente ainda acontece).

O espiritismo é definindo pelos próprios espíritas como o conjunto de princípios e leis revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, que constituem a chamada “Codificação Espírita”:

 

  • O Livro dos Espíritos (1857)
  • O Livro dos Médiuns (1861)
  • O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864)
  • O Céu e o Inferno (1865)
  • A Génese (1868)

 

O espiritismo procura revelar conceitos importantes e profundos a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a Vida. Procura revelar o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objectivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.

O Espiritismo procura tocar todas as áreas do conhecimento, das actividades e do comportamento humanos, abrindo mais uma possibilidade que Deus deu ao Homem para se regenerar.

Pode e deve ser estudado, analisado e aplicado em todos os aspectos fundamentais da vida, tais como o científico, filosófico, artístico, religioso, ético, moral, educacional e social.

 

O Homem é um Todo em permanente dinâmica tridimensional: fisiológica, psicológica e espiritual. E como tal, existem 3 tipos de doenças ou perturbações: as doenças físicas com origem orgânica (por infecção, trauma, acidente, intoxicação, etc.), as doenças do foro psíquico (devido a traumas, traços de personalidade ou formas de pensar disfuncionais, que geram sofrimento ao próprio e/ou a terceiros) e doenças espirituais ou existenciais (que não têm uma causa directa física ou psicológica mas sim espiritual).

Muitas pessoas sofrem de sintomas como ataques de pânico, sintomatologia psicótica (ouvir vozes, ter pensamentos que não são os seus, ver coisas que mais ninguém vê, etc.), sintomas neuróticos (obsessões, compulsões, etc.), depressão crónica ou inexplicável, personalidade múltipla, etc.

Acontece que muitas das pessoas que têm estes sintomas não têm nenhuma doença física nem mental. São sim pessoas que estão a passar por uma perturbação espiritual, geralmente benéfica.

Esta é uma hipótese quase obrigatória quando não existe nenhuma causa orgânica ou trauma psicológico que justifique os sintomas.

A pessoa realiza exames médicos e não é encontrada nenhuma causa para esses sintomas. Também a nível psicológico, não existe trauma nem acontecimentos marcantes de vida que verdadeiramente justifiquem os sintomas. Descartando assim a possibilidade de doença física ou mental, a pessoa deve colocar a hipótese de estar a ter sintomas de origem espiritual que precisam de ser compreendidos e controlados.

A doutrina espírita explica sem meias palavras nem artifícios intelectuais estas perturbações espirituais e traz a esperança a quem já muitas lágrimas chorou, e que não vê resposta nem soluções que preencham o vazio deixado pelas modernas psiquiatria e psicologia, e muitas das religiões convencionais.

A Esquizofrenia, na maior parte dos casos, nada mais é que um despertar da Mediunidade. Alguns dos sintomas resultam de uma sensibilidade mais desenvolvida do que na maioria das pessoas e que precisa de ser compreendida e trabalhada.

 

 

Resumo dos Ensinamentos Fundamentais do

Espiritismo Kardecista

 

  • Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, omnipotente, soberanamente justo e bom.
  • O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.
  • Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados. É de lá que viemos, é para lá que retornamos a seguir à morte do corpo físico.
  • No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens.
  • Todas as leis da Natureza são leis Divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.
  • O Homem é um Espírito encarnado num corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.
  • O Homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas consequências das suas acções.
  • O mundo ou plano espiritual é o mundo primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo, incluindo os planetas habitados, as estrelas, galáxias etc., que como a ciência já comprovou, tal como os seres vivos, nascem, desenvolvem-se e desaparecem.
  • O mundo físico ou corpóreo é apenas secundário. Poderia deixar de existir ou jamais ter existido sem que esse facto alterasse a essência e existência do mundo espiritual, ao qual pertencemos.
  • Os Espíritos revestem-se temporariamente de um invólucro material – o corpo físico – cuja destruição devolve ao Espírito a liberdade.
  • De entre as várias espécies de seres vivos, Deus escolheu a espécie humana para a reencarnação de Espíritos já chegados a um certo grau de evolução, o que lhes possibilita uma superioridade moral e intelectual.
  • Há no Homem três princípios: 1. O corpo físico ou material, semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2. A Alma ou ser imaterial, que é o Espírito encarnado no corpo; 3. O perispírito, que é laço que une o Espírito ao corpo. É o princípio intermediário entre a matéria e o corpo.
  • Com a morte do corpo, o Espírito perde um dos envoltórios mas permanece com o outro, invisível geralmente, mas que pode tornar-se visível nos fenómenos das aparições e em pessoas com a faculdade da visão espiritual desenvolvida.
  • Os Espíritos pertencem a diversas classes, com diversos e diferentes graus de sabedoria, inteligência, moralidade, poder. Os mais desenvolvidos ou mais avançados são chamados de Espíritos Superiores. Distinguem-se pela maior sabedoria, poder, conhecimentos, proximidade de Deus, pureza de sentimentos, desejo e capacidade de praticar o Bem, pelo Amor. As outras classes afastam-se cada vez mais dessa perfeição. Podem demonstrar mais inclinação para o Mal, para o ódio, inveja, orgulho, ciúme, etc. Há os que nem são muito bons nem são muito maus. Há os intriguistas, brincalhões, travessos, rebeldes e os entregues ao Mal. Há Espíritos com pouca sabedoria mas que são humildes e compreendem a necessidade de evoluir.
  • Os Espíritos não permanecem eternamente na mesma ordem. Todos se melhoram ao passar pelos diferentes graus da hierarquia espiritual. Tal melhora verifica-se através da reencarnação até atingir os graus mais elevados de perfeição.
  • Ao deixar o corpo, a Alma entra de novo no mundo dos Espíritos de onde havia saído, voltando de novo a reencarnar após um lapso de tempo mais ou menos longo.
  • É o passar por várias existências que permite ao Espírito aperfeiçoar-se e resgatar más acções do passado. É também o que explica as diferentes competências e estados de desenvolvimento entre os Seres Humanos, que é um facto inquestionável.
  • Devendo o Espírito reencarnar várias vezes, pode fazê-lo neste planeta ou em outros mundos habitados.
  • As várias existências corporais são sempre progressivas e nunca retrógradas, embora a velocidade de progresso dependa dos esforços de cada um para atingir a perfeição. É ainda possível um Espírito permanecer estacionado, não evoluindo. Por exemplo, porque se encontra quer encarnado quer desencarnado, no caminho do Mal, do egoísmo.
  • A alma tem a sua individualidade antes de reencarnar e mantêm-na depois da morte do corpo.
  • Voltando ao mundo dos Espíritos, a alma reencontra aqueles que conheceu na Terra e todas as suas anteriores existências avivam–se na sua memória, assim como a lembrança de todo o Bem e Mal praticado.
  • Ao estar encarnado, o Espírito é influenciado pela matéria. O Homem pode superar essa influência pela elevação e depuração da sua Alma e aproximar-se dos bons Espíritos. Aqueles que se deixam empolgar pelas paixões animais inferiores e canalizam as suas energias e planos exclusivamente para a satisfação desses apetites, aproxima-se dos Espíritos menos evoluídos e mais apegados aos vícios da carne, havendo preponderância da natureza animal.
  • Os Espíritos encarnados habitam vários globos (planetas) do Universo.
  • Os Espíritos não encarnados, exercem acção incessante sobre o mundo físico e Humano. Agem sobre a matéria e o pensamento, causa de muitos fenómenos que não são explicados pela ciência, medicina ou psicologia.
  • As relações dos Espíritos com os Homens são constantes. Os bons solicitam para o Bem, sustentam-nos nas provações da Vida, ajudando a ultrapassá-las. Os maus sugerem e tentam levar para o Mal, através da influência do pensamento, de desejos, impulsos. Procuram a destruição própria de quem influenciam e dos que lhe são próximos.
  • Os Espíritos manifestam-se espontaneamente ou por evocação.
  • Como Espírito que é, todo o Ser Humano têm a faculdade natural de comunicar com Espíritos. No entanto, apenas algumas pessoas conseguem perceber as comunicações que os Espíritos lhes possam endereçar. São os chamados “médiuns desenvolvidos”.
  • Os Espíritos são atraídos na razão da sua simpatia pela natureza moral de quem os invoca. Os Espíritos Superiores, geralmente, apenas respondem ao chamado de reuniões sérias, honestas, com propósitos altruístas.

Os maus, brincalhões, zombadores, respondem a invocações feitas por pessoas com poucos escrúpulos, com más intenções.

  • Não é certo que Espíritos de baixa moralidade não tentem influenciar negativamente trabalhos espirituais sérios e honestos, embora possam ser impedidos por Espíritos de Luz ao serviço de Deus caso haja merecimento.
  • O culto do Bem e amor ao próximo, assim como constituir um bom exemplo no dia-a-dia, em todas as circunstâncias da Vida (família, trabalho, etc.) constitui a melhor defesa e prevenção para não ser influenciado por maus Espíritos.
  • Pode ser perigoso procurar desenvolver a Mediunidade tentando a comunicação espiritual cega com Espíritos desencarnados, sem orientação de alguém competente nem objectivos sérios (comunicar por comunicar, não interessando com quem seja).
  • A Mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é um dom que todos trazemos ao nascer e que permanece activo em algumas pessoas.
  • A Mediunidade existe independentemente da religião ou seita que a pessoa adopte. É uma faculdade do Espírito.
  • O Espiritismo respeita todas as religiões, valoriza todos os esforços para a prática do Bem, trabalha pela confraternização entre todos os homens independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença ou nível cultural e social, e reconhece que “o verdadeiro Homem de Bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

Algumas Frases Célebres de Allan Kardec

 

“Nascer, morrer, renascer ainda, e progredir sempre, tal é a lei.”

“Fora da caridade não há salvação.”

“Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

“Se tornarmos a palavra milagre em sua acepção etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos milagres incessantemente sob as vistas. Aspiramo-los no ar e calcamo-los aos pés, porque tudo então é milagre na Natureza.”

“ O Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam em o ser pondo em prática os ensinos dos Espíritos. O verdadeiro espírita não é o que alcançou a meta, mas o que sinceramente quer atingi-la. Sejam quais forem os seus antecedentes, será bom espírita desde que reconheça suas imperfeições e seja sincero e perseverante no propósito de se emendar.”

“Quando a ciência demonstrar que o espiritismo estiver errado em um ponto, o espiritismo se modificará nesse ponto.”

“Demonstrando a existência e a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, levanta os ânimos abatidos e faz suportar com resignação as vicissitudes da vida.”

“A justiça não exclui a bondade.”

“A duração do sofrimento baseia-se no tempo necessário a que alguém se melhore.”

“Cada um terá que dar conta da inutilidade voluntária da sua existência.”

“O Bem é sempre o Bem, qualquer que seja o caminho que a conduza.”

“Só por meio do Bem se repudia o Mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o Homem nem no seu orgulho, nem nos seus interesses materiais.”

“Todo aquele que sente, num grau qualquer a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium.”

“A caridade que sente, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais ou nossos superiores.”

“O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como das suas relações com o mundo corporal.”

“O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o Homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.”

 

Como Iniciar o Estudo do Espiritismo

 

O espiritismo procura revelar conceitos importantes e profundos a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a Vida. Revela o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objectivo da nossa existência, qual a razão da dor e do sofrimento.

De entre todas as correntes espirituais, é aquela que de forma mais completa e em linguagem mais simples explica os fenómenos mediúnicos, as perturbações espirituais e os fenómenos de obsessão.

 

Para conhecer a mensagem do espiritismo aconselha-se geralmente a começar pelas obras da chamada “Codificação Espírita”, ou seja, o conjunto de obras deixadas pelo codificador do espiritismo moderno, Allan Kardec:

 

  • O Livro dos Espíritos: trata dos princípios da doutrina espírita, contendo temas como a imortalidade do Espírito, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida             presente, a vida futura e o destino da Humanidade. É baseado em       comunicações de Espíritos Superiores através de inúmeros médiuns.
  • O Evangelho Segundo o Espiritismo: explicação à luz da Doutrina Espírita, das máximas da moral de Jesus Cristo e a sua aplicação às múltiplas circunstâncias da vida. Contém comunicações espirituais de Espíritos Superiores incluindo alguns Santos e filósofos famosos na Terra.
  • O Livro dos Médiuns: contém os ensinamentos essenciais sobre a teoria de todos os géneros de manifestações espirituais, os meios de comunicação com os Espíritos, o desenvolvimento da Mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática espiritual.
  • O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo: obra que faz um exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os Anjos e demónios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e após a morte.
  • A Génese: fala sobre os milagres e as predições segundo o espiritismo.

 

Destas, duas obras são consideradas essenciais e pelas quais se deve começar: “O livro dos Espíritos” e o “Evangelho Segundo o Espiritismo”. Há várias editoras que publicam estes livros. Se por acaso tiver dificuldade em encontrar estas e outras obras, pode comprar facilmente via Internet. Já existem actualmente empresas portuguesas com loja na Internet que vendem estes livros. Há ainda sites na Internet onde estas obras podem ser consultadas gratuitamente.

A maioria dos centros espíritas têm estas obras à venda e muitos também têm uma biblioteca onde a pessoa pode consultar estas e outras obras de interesse gratuitamente.

 

 

Para Prosseguir Os Seus Estudos

 

Após o estudo das 5 obras básicas, às quais se acrescentam “Obras Póstumas”, importante obra publicada depois do falecimento de Allan Kardec e que reúne um conjunto de escritos que Kardec não teve tempo de publicar, os interessados podem continuar os seus estudos com outras obras espíritas de diversos autores. Muitas são comunicações de entidades espirituais (chamadas “obras mediúnicas”).

 

Existem actualmente centenas de obras espíritas de diversos caracteres: obras de divulgação inicial e avançada, ciência, filosofia, Mediunidade, romances, evangelização infantil e juvenil, mensagens espirituais, psicologia espiritual, etc. Alguns dos autores mais conceituados nos meios espíritas, com obras de reconhecido interesse são Chico Xavier, Divaldo Franco, Hercílio Maes (Ramatis), Edgard Armond, Ernesto Bozzano, J. Herculano Pires, Léon Denis, entre muitos outros.

Em anexo poderão ser consultados alguns resumos de obras espíritas de interesse assim como contactos e moradas de centros Espíritas. Ver também em Bibliografia, “Obras Espíritas”.

 

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