Capítulo VIII

Sou Médium. E Agora?

Sou Médium, e agora? O que fazer? Esta é uma pergunta que milhares de pessoas fazem quando confirmam esse facto. É interessante observar que muitas pessoas dizem “não acreditar nessas coisas”, mas “põem-se em bicos dos pés” e deixam transparecer um olhar de entusiasmo perante um programa de televisão que fale de certos assuntos de espiritualidade, ou perante uma conversa sobre o assunto.

Em muitos casos, o entusiasmo não dá sequer para disfarçar. É muitas vezes o seu Eu interior (Espírito) a dizer “Sim és médium. Vai em frente, procura a Verdade”.

O PRIMEIRO PASSO é procurar alguém competente dentro da área espiritual: uma pessoa que trabalhe individualmente ou uma escola espiritual, um centro espírita, enfim, uma corrente espiritual que estude e saiba lidar com a Mediunidade. Encontrará certamente lá muitas pessoas que passaram por aquilo que poderá estar a passar e certamente isso ajuda a “sentir-se em casa”.

Procurar ajuda espiritual não invalida continuar a ser seguido por um médico ou a ser medicado, caso haja essa necessidade.

Pessoas que tomam medicamentos psiquiátricos há já algum tempo, é geralmente um erro deixar de os tomar repentinamente. Não deve haver pressas nestes casos. Se as coisas correrem de forma razoável, com o tempo e as melhoras demonstradas, o médico naturalmente irá diminuindo a medicação até deixar de a prescrever e dar-lhe alta.

Quanto ao resto, procure até encontrar alguém ou um centro capaz de ajudar no seu caso. Siga as indicações que lhe irão ser dadas. Um mundo novo se abrirá a sua frente. Aproveite a oportunidade que Deus lhe dá e vá em frente pois tem muito para aprender…

 

Não vale a pena ter pressa

Não é razoável alguém manter em mente a expectativa de se tornar um bom profissional em alguma área ou aprender a dominar um instrumento musical de um dia para o outro. O mesmo se passa relativamente à Mediunidade e desenvolvimento espiritual. Aliás, se aprender e desenvolver um aspecto da realidade, como uma ciência ou arte leva anos de prática, e quando se chegar ao final da vida, por muito que se saiba, sente-se que muito mais haverá a aprender e a desenvolver, imagine-se o que será estudar e desenvolver a espiritualidade que é a PRÓPRIA VIDA?

Muitas das pessoas que estão a passar por um processo de despertar mediúnico, precisam de ACEITAR que o seu compromisso para com a espiritualidade, dentro das suas possibilidades, é para toda a vida, independentemente da sua religião, estatuto económico, profissão, etc. Isso claro, se quiserem cumprir o compromisso com Deus e alcançar alguma paz interior.

O caminho espiritual é longo (na verdade, é talvez infinito) e com obstáculos a ultrapassar: provações, momentos de dúvida e incerteza, tentações, convites à preguiça e ao desvio.

Infelizmente, há mais “pecadores” do que “Santos” no mundo, do que pessoas com desenvolvimento espiritual e mediúnico suficiente para operar aqueles tão esperados milagres de aliviar de um momento para o outro todo o sofrimento.

Também não é razoável manter a expectativa de encontrar um “grande mestre iluminado”, que o transforme da noite para o dia num grande iluminado, ou Santo, ou num médium com “super-poderes” capaz de realizar milagres que lhe trariam fama e reconhecimento.

Mesmo que encontre um excelente mestre espiritual, será sempre o próprio a dar todos os seus passos e a tomar as suas decisões apesar da orientação. Ninguém pode caminhar por ninguém.

 

Tenha no entanto cuidado com pessoas que fomentam a dependência. Quanto mais estudar, mais saberá distinguir o trigo do joio. Como já foi dito, como em tudo na Vida, onde está natureza humana estão também as possibilidades de fracasso moral.

O mais razoável é manter em mente que encontrará simplesmente pessoas com defeitos e virtudes, iguais a todo o Ser Humano, e não “almas santificadas”, “que tudo sabem”, ou ainda, que tenham algum tipo de “obrigação” em resolver todos os seus problemas de um dia para o outro para você “acreditar”.

A deficiente educação religiosa e a recusa da ciência e de uma grande parte da sociedade em aceitar a visão espiritual do que se chama “Esquizofrenia”, que como já vimos, numa grande parte dos casos trata-se de um despertar da Mediunidade, contribuem para inúmeros casos de desgraça e inutilidade de tantas vidas, perante aquilo que poderia ser uma vida cheia de entusiasmo, alegria e realização interior.

Uma confusão muito comum é a ideia da incompatibilidade entre ciência e espiritualidade. Ciência e espiritualidade não são incompatíveis. Assumem é objectos de estudo e técnicas diferentes para chegar à Verdade. A ciência não tem necessariamente de estar separada da espiritualidade nem a espiritualidade da ciência. Na verdade, como já vimos, todos os grandes avanços científicos são alcançados pela Vontade e permissão de Deus, que em tempo útil envia Espíritos à Terra com essa missão específica.

A ciência nada mais faz do que procurar compreender a grandeza da Criação Divina. Quanto mais avança no estudo da Natureza e das suas leis, mais reconhece a harmonia e a inteligência que estão por detrás de tudo o que existe. De forma mais ou menos directa, quanto mais conhece os fenómenos naturais, mais reconhece o Poder e a Glória do Seu Autor.

A ciência estuda o exterior, os fenómenos observáveis externamente, as leis da matéria. A espiritualidade estuda os seres inteligentes da Criação, os Espíritos, a sua actuação e formas de manifestação. Visa o encontro interior, o estudo e desenvolvimento das potencialidades interiores do Ser Humano. Os dois estudos – do exterior e do interior – devem complementar-se para que o Homem atinja os cumes mais elevados da auto-realização, como são exemplos os grandes génios do passado e alguns actuais, que muito desenvolveram o conhecimento dos fenómenos exteriores assim como o seu interior.

O desenvolvimento da Mediunidade de forma saudável, equilibrada, razoavelmente orientada, pode levar a pessoa a fazer um progresso espiritual tal que em condições normais e comparativamente à maioria da Humanidade seriam precisas várias reencarnações!

A Necessidade de Orientação

É verdade que existem pessoas que quase sem orientação desenvolveram a sua Mediunidade de Prova sem grandes sobressaltos. Mas isso é raro.

A incompreensão e o medo do desconhecido leva geralmente os médiuns a passarem por fases mais ou menos atribuladas. O caminho mais seguro é ter orientação.

A orientação adequada, o partilhar experiências com pessoas com interesses semelhantes (no campo espiritual) e submeter-se assiduamente às chamadas “limpezas espirituais” ou “passes” realizadas por alguém competente, são fundamentais para um médium levar uma vida mentalmente equilibrada, principalmente no início dos sintomas mas também pelo resto da sua vida.

 

Embora algumas pessoas o façam e se dêem bem, não aconselhamos a tentar comunicar-se com entidades espirituais sozinho, sem preparação e orientação adequada. Isso pode até ser perigoso e desorganizar o sistema psico-espiritual. Muitas pessoas agravaram a sua situação por o ter tentado sem a devida preparação.

No entanto, esse passo fica ao critério de cada um.

 

Existem muitas razões para não procurar efectuar comunicações espirituais sem orientação. Uma delas é que a falta de preparação pode desencadear ou agravar fenómenos obsessivos que podem prejudicar os imprudentes. Estudaremos o assunto da obsessão mais à frente.

Havia muito sabedoria nos templos da antiguidade em que apenas era transmitido ao discípulo o conhecimento para a comunicação espiritual após anos de estudo e preparação. Além do estudo e serviço ao próximo, fazia parte dessa preparação purificar-se mentalmente, eliminando todos os vícios e impurezas psíquicas como a inveja, o ódio, o orgulho, a vaidade, o egoísmo, etc., que tornariam a pessoa um alvo fácil (ou pelo menos mais vulnerável) à influência de obsessores e Espíritos no Mal.

Hoje as coisas são diferentes e é inconcebível esse tempo de espera. No entanto, a preparação e o conhecimento correcto continuam a ser indispensáveis.

A espiritualidade e a Mediunidade são assuntos seríssimos. É preciso abandonar definitivamente os preconceitos e o medo. Mas a prudência, a reflexão e o bom-senso devem estar sempre presentes.

Se já recebe algum tipo de comunicação, jamais acredite cegamente em tudo o que lhe é dito. Pense, reflicta, use a razão e o bom-senso e nunca faça nada que vá de encontro a uma boa e irrepreensível moral. Repita-se, NADA QUE VÁ DE ENCONTRO A UMA BOA E IRREPREENSÍVEL MORAL. Em caso de dúvida e se não tiver ninguém a quem recorrer, jogue sempre pelo seguro, pelo palpável.

Essa deve ser a regra principal para os iniciantes. Há medida que progride no estudo e intercâmbio com o mundo espiritual (se for esse o seu caminho obviamente), o médium vai naturalmente aprendendo a identificar as boas comunicações das comunicações de Espíritos brincalhões e levianos.

 

A experiência diz que um dos maiores perigos para os médiuns, mesmo os que têm muita prática e experiência, é deixarem a determinada altura de partilhar com outras pessoas afins as suas experiências e conclusões. Podem correr o risco de se fecharem nas suas ideias e começarem a viver “num mundo à parte”. Por isso é tão importante estar inserido num grupo de trabalho, deixando de lado os sentimentos de “grande sapiência” e procurar ser sempre humilde.

Dizemos estas palavras aos iniciantes porque será uma das futuras provações para alguns. A maioria começa muito humilde nos estudos espirituais. É como se estivessem a viver a sua “infância espiritual”. Mas alguns, quando pensam que “já sabem muito”, começam a entrar numa espécie de “adolescência espiritual”, com rebeldia, a pôr em questão os mestres que caridosamente lhe ensinaram o que sabiam (e podiam e decidiram ensinar). Embora nalguns casos tenham alguma razão, o facto é que a humildade e o respeito pelas opiniões de cada um deve ser sempre mantido. As questões de personalidade são muitas vezes um entrave a ultrapassar, e muitas vezes, apesar de imperfeições ou características individuais que os valores do respeito e do “dar o meu contributo para que as coisas corram pelo melhor” facilmente ultrapassam, são o resultado da actuação das forças das trevas que tudo fazem para lançar a discórdia e destruírem a união dos grupos de trabalho. Fica portanto o aviso.

No plano espiritual mais próximo da Terra encontram-se também muitos Espíritos que por ignorância e má vontade gostam de pregar partidas aos mais desprevenidos. Geralmente eles não lhe podem fazer Mal, mas podem dar-lhe conselhos errados e influenciar a tomar decisões erradas através da sugestão pelo pensamento. Isso causa obviamente decepções e em algumas pessoas descrédito e revolta.

Como Allan Kardec disse, é preferível rejeitar 99 verdades a aceitar uma só mentira. Jesus Cristo chamava a atenção para o orar e vigiar constantes.

São Espíritos ainda em estado de desenvolvimento espiritual inferior, que levaram uma vida longe dos valores espirituais mais salutares. Como não souberam viver, agora também não sabem estar no mundo espiritual.

Outros, vítimas de enganos, traições e todo o tipo de espezinhamos, vivem em revolta constante e tudo fazem para que os ainda vivos, sofram e cometam os mesmos erros que eles cometeram ou outros ainda piores.

O objectivo de muitos desses Espíritos é criar um dos primeiros grandes obstáculos para muitos que enveredam pelo caminho espiritual: a DÚVIDA.

A partir de determinada etapa no caminho, a dúvida já não causará nenhum efeito no espiritualista. Mas até lá, é preciso estudar e trabalhar muito. É a aparentemente “inocente” e “inofensiva” dúvida que leva à desistência e desvio de milhões de pessoas do caminho espiritual mais correcto. É a dúvida que impede milhões de pessoas de dar o primeiro passo na senda da verdadeira espiritualidade, de forma a viver em harmonia com as leis morais da Vida que são as Leis do próprio Criador. É a dúvida que impede a Humanidade de alcançar a paz e a harmonia colectiva. Que a impede de estudar convenientemente as perturbações espirituais (que na verdade, a todos afecta, em maior ou menor grau, de forma mais ou menos directa), a Mediunidade, o significado de “desenvolvimento espiritual” e todas as grandes questões da existência humana. É também a dúvida em relação aos desígnios Divinos e aos sucessivos avisos de Deus que impede a Humanidade de ver e viver de acordo com a Sua Vontade (cultivando o amor, a paz, a justiça, a fraternidade, etc.). E Deus quer ver os seus filhos e filhas felizes. Na verdade, a dúvida está a destruir a Humanidade. Muitos, se estudassem, ficariam alertados para as decepções e sofrimento que os aguarda se continuarem a viver longe dos ideais que Deus quer para a Humanidade! Mas muitos receiam porque “pode ser verdade”. Preferem viver na cegueira e na ansiedade de “quando a factura chegar [do sofrimento e do encarar a sua própria consciência] logo se vê”, sem querer compreender muitas vezes que a espiritualidade visa a sua própria felicidade e nada menos que a sua Felicidade!

Portanto fica claro que não estamos a falar de coisa pouca mas sim de um inimigo mortal…

Em contrapartida, temos os Espíritos de Luz que descem de planos espirituais mais ou menos elevados consoante o seu grau de depuração. Já foram pessoas como nós, compreendem as nossas imperfeições, as nossas falhas e virtudes. Não vêm para nos julgar ou apontar os nossos defeitos, mas sim, procurar ajudar e orientar-nos no bom caminho, uma vez que a futura felicidade ou sofrimento depende quase exclusivamente das nossas decisões. É importante aprender a entrar em sintonia com eles pois muito temos a beneficiar com a sua ajuda.

Aprender a distinguir uma boa comunicação espiritual de uma comunicação de Espíritos brincalhões pode em alguns casos levar anos. Depende das faculdades de cada um, da sua missão, do seu empenho, e do que atrai consoante o seu estilo de vida. Este último ponto pode parecer um pormenor mas aproveitamos a oportunidade para sublinhar que se trata de algo de suma importância para análise e reflexão dos interessados, para que as coisas corram pelo melhor…

O desejo de Bem, de servir o próximo e a humildade são três qualidades básicas a desenvolver para evitar desastres futuros.

A seguir estudaremos um pouco do espiritismo, uma corrente espiritual que ajuda a compreender os fenómenos mediúnicos e a Mediunidade em geral. As suas obras são para milhões de pessoas em todo o mundo o conforto espiritual que faltava. Vem preencher uma lacuna que muitas correntes religiosas consideradas “tradicionais” não conseguem ou não querem preencher.

 

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