Capítulo X

Cuidado Com Os Falsos Profetas

 

O espiritismo é muitas vezes considerado como um “irmão menor” da espiritualidade. “Coisa de gente pobre e sofredora” dizem alguns. Mas como já vimos, trata-se de grave equívoco. E para muitos estudiosos, o mais grave equivoco da actualidade. E ainda, talvez o último grande equívoco da Humanidade!

Leia-se simplesmente as perguntas e respostas da obra “O Livro dos Espíritos” e ficar-se-á abismado com a quantidade de informação e de verdades que tocam e alegram o coração de quem as lê. E já agora, que se compare a simplicidade e facilidade de compreensão da sua mensagem em relação a outras correntes espirituais e religiões…

O espiritismo está a passar demasiado despercebido à Humanidade. É ainda muito reduzido o número de pessoas que se dedicam ao estudo sincero deste movimento de conhecimento espiritual. Muitas pessoas, influenciadas pelo trabalho nefasto e tenebroso de certos religiosos, que durante décadas lançaram uma monumental e ardilosa nuvem de fumo para manter as massas na ignorância e na confusão, desconhecem a beleza e valor das obras espíritas.

O resultado disso é o medo, a jocosidade, a ironia, a superstição, a sensação de “algo misterioso” perante palavras como “Espírito”, “Mediunidade”, “espiritismo”, “comunicação espiritual” entre outras, satisfazendo assim as intenções de “Satã”, que pretende manter as pessoas longe da Verdade, logo da sua Salvação. E o “trabalho” dos “filhos de Satã” tem sido bem feito sem dúvida! Muitas pessoas temem o que são (um Espírito), o que os outros são e sempre foram incluindo os seus entes queridos quando retomam a liberdade espiritual natural depois da morte do corpo (Espíritos), receiam a comunicação dos Espíritos (mas depois comunicam com os Espíritos através de orações e pedidos), a Mediunidade (mas depois lêem na Bíblia imensos fenómenos mediúnicos, incluindo as experiências mediúnicas de Jesus Cristo)…

É incrível…

Como parece que ficou bem claro anteriormente, longe de constituir o “irmão menor da espiritualidade”, o espiritismo, é em essência, um dos caminhos que leva à “Alta Espiritualidade”.

Existem outros sem dúvida. Mas o que de mais verdadeiro existe nas outras correntes e religiões em geral, está presente nas boas obras espíritas, de forma acessível e em linguagem perfeitamente compreensível à maioria das pessoas.

 

Independentemente dos nomes, linguagem da época e aparatos exteriores, foi sem dúvida o caminho percorrido por muitos dos grandes mestres, filósofos e sábios do passado, que verdadeiramente progrediram espiritualmente, sendo hoje considerados modelos a seguir por milhões de pessoas.

 

Aponta com muita exactidão o caminho que independentemente dos nomes e das organizações humanas, terá o Homem de percorrer se quiser chegar a patamares elevados de desenvolvimento espiritual, e desfrutar da paz e harmonia de planos de existência elevados, mais perto do Divino Senhor.

 

Foi justamente isso que aconteceu com os grandes mestres da Humanidade. Eles foram médiuns poderosos, muito perto de Deus. Só assim puderam ter acesso a determinadas informações e em alguns casos, desenvolver determinados poderes.

Mas desengane-se aquele que pensa que eles foram criados mais evoluídos. Foram criados simples e ignorantes como todo o Ser Humano. Passaram pelos degraus que todo o Ser Humano tem de percorrer e foi por seu mérito e esforço que chegaram onde chegaram. E ainda assim, continuarão a evoluir pois “perfeito só Deus”.

 

Uma visão redutora e distorcida da espiritualidade, assim como do verdadeiro sentido do que significa “evolução espiritual”, leva a que muitas pessoas pensem que ser religioso significa ser um “pedinte” de favores a Santos e Mestres Espirituais, encarnados ou desencarnados.

Muitas pessoas ainda vêm a espiritualidade como algo de útil, e não, como de facto o é, um conjunto de conhecimentos e práticas para o seu progresso espiritual, cumprindo o propósito para o qual foi criado e veio ao mundo.

As pessoas foram habituadas a recorrerem aos outros para tudo. E isso muitas vezes significa demitirem-se de toda a responsabilidade. Quando estão doentes vão ao médico. Quando precisam do serviço de algum profissional recorrem a esse profissional. E encaram a religião da mesma maneira: quando a vida corre mal e não se sabe o que fazer ou a quem recorrer, recorre-se então à religião e aos pedidos espirituais. Vê-se assim a religião e os pedidos aos Espíritos como uma utilidade, como “mais um recurso adicional”.

 

É óbvio que se os pedidos a entidades espirituais forem justos, isso não tem nada de mal. Pelo contrário, pode ajudar a pessoa a espiritualizar-se e a aumentar a sua fé. E quanto aos Espíritos a quem se faz esses pedidos, eles, ao ajudar os seus irmãos encarnados, também estão a evoluir e a aproximar-se de Deus.

 

Mas o que está errado é pensar que a religião, que a espiritualidade se resume a isso, a “pedir favores”. É claro que as pessoas foram mal ensinadas para atender a interesses particulares que duram em alguns casos há séculos, através das “agências de pedidos”.

 

Contudo, importa saber que a espiritualidade genuína, que está presente em todas as grandes religiões, ensina que a meta do Homem é tornar-se ele próprio aquilo que se chama um “Santo”, e não, pensar que tem direito a fazer todo o tipo de disparates porque “é um pecador”, e quando as coisas correm mal, pedir então ajuda aos Santos, pensando por vezes que eles têm obrigação de satisfazer as necessidades e desejos de cada um pois religião “é isso mesmo”.

 

O espiritismo ensina que Deus permite e abençoa o socorro e entreajuda mútua, para o Bem, entre encarnados e desencarnados. Mas importa que o Homem compreenda que, independentemente dessa ajuda salutar e benéfica para todos, o seu caminho não consiste em colocar nas mãos de outros a responsabilidade pela sua própria caminhada, seja em encarnados ou desencarnados.

Sem estudo, esforço sincero em melhorar-se, procurando diariamente purificar mente e coração, e procurar servir o melhor que é capaz nas diversas situações da Vida (família, trabalho, grupos ou instituições sociais, etc.), o Homem colherá continuamente decepções e sofrimento até ao dia em que aceite essas verdades, seja por compreensão, cansaço, ou por o sofrimento já se ter tornado insuportável (o que não vem pelo Amor vem pela Dor). Então, nesse dia, decidirá “pegar na sua cruz” e seguir o caminho que o levará às esferas celestiais de pureza, felicidade e paz.

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Com um pouco de atenção chega-se facilmente à conclusão que, quando a Humanidade atinge determinado patamar de desenvolvimento e compreensão, nasce neste mundo um Espírito ou conjunto de Espíritos, mais ou menos evoluídos, que vêm transmitir mais algumas informações para a Humanidade continuar a evoluir e evitar o sofrimento desnecessário e inútil.

Foi assim com Krishna (hinduísmo), com Buda, Moisés, determinados profetas, Jesus Cristo, Maomé, Confúcio e Lao Tsé só para citar alguns exemplos.

 

Em grave erro incorre aquele que pensa que a sua religião é superior às outras. Seria o mesmo que admitir que Deus é injusto e dá a Verdade a uns e não a outros. Tolice!

Imagine-se as incontáveis milhões de almas que ao longo de dezenas de gerações nunca ouviram falar nem de Jesus Cristo nem da Bíblia. Que “justiça divina” seria essa, como alguns parecem querer defender apesar de tanta informação disponível, que essas almas estariam à partida “condenadas”?!

Ridículo!

 

A Verdade é única e imutável. Não depende nem da opinião nem de organizações humanas.

As religiões são sem dúvida organizações úteis, que procuram organizar o conhecimento para benefício dos seus membros e das gerações futuras. Nisso reside a sua utilidade e importância.

Entretanto, mude-se a linguagem, os rituais de aparato, e chega-se à conclusão que a essência de todas as religiões é exactamente a mesma, apesar desta ou daquela nuance, deste ou aquele desvio à Verdade por culpa homens e não da Verdade, pois esta é imutável e não depende da opinião, ignorância ou má vontade de ninguém.

“Não existe melhor religião que a Verdade” disse a senhora Blavatsky.

O mesmo se passa noutras áreas da prática Humana como a ciência. Só quando o Homem se encontra capaz é que Deus permite que sejam desvendados mais alguns mistérios da Sua Criação. É isso que a ciência é: uma permanente busca da compreensão da Criação Divina. E quanto mais a ciência avança, mais o Homem fica abismado com a Obra do Criador. Quanto mais a ciência conhece as leis naturais, mais estupefacta fica perante a inteligência e harmonia que permeia tudo quanto existe.

 

Já se reparou que o Homem existe há inúmeros milhares de anos e só muitíssimo recentemente se deu a “explosão” de avanços científicos e tecnológicos?

 

É claro que isso não foi por acaso. Quando o Homem chegou a determinado patamar de desenvolvimento mental, Deus permitiu o avanço da ciência e da tecnologia fazendo reencarnar determinado número de Espíritos para fazer avançar a ciência. Fazia parte dos seus desígnios a Humanidade deixar de estar tão escravizada pelo trabalho devido ao poderio de uns poucos que detinham o poder, e ter a oportunidade de guardar mais tempo para si, para a sua evolução espiritual (segundo alguns estudiosos, o trabalho obrigatório, leia-se “obrigatório” pois o trabalho faz parte da Vida, é contrário às leis de Deus, daí o sofrimento que o trabalho gera na maioria das pessoas pois é algo antinatural, assim como a pouco e pouco, as empresas estarem a substituir o termo “empregados” por “colaboradores”).

No entanto, o egoísmo e a ganância, o querer sempre mais e melhor (do ponto de vista material e não do espiritual), levou a que o Homem se desviasse do caminho da sua Salvação e tenha ficado ainda mais escravizado pelo trabalho e pelas “contas do final do mês”.

E o resultado é que muitas pessoas investem todas as suas forças nas necessidades materiais (e muitos nem isso conseguem devido às injustiças sociais, às absurdas desigualdades na distribuição de recursos e oportunidades, e abuso e exploração de alguns sobre muitos), e quando tal for possível, na satisfação de vaidades materiais.

É óbvio que depois não restam muitas forças para se dedicarem às mais fundamentais e importantes questões da existência humana. Esquecem-se de Deus, da espiritualidade, do Verdadeiro e Real propósito para o qual cada um foi criado e veio ao mundo: adquirir conhecimento, sabedoria, esforçar-se por ultrapassar imperfeições e falhas morais, capacidade de praticar o Bem, desenvolver virtudes como o amor…

 

Mais uma vez afirmamos que muitas pessoas, sem grande preocupação com as “questões espirituais”, acertam nas escolhas de vida que fazem. No final da vida têm direito ao sentimento de dever cumprido como se verifica em alguns casos. Mas muitas não. E isso pode gerar muito sofrimento. No mínimo, decepção e mal-estar!

Quanto mais esclarecidas espiritualmente estiverem as pessoas, maior a probabilidade de acertarem nas suas escolhas de vida, de “acumularem tesouros no céu” e trabalharem pela sua felicidade futura. E se para alguém estas razões não são suficientemente estimulantes, é importante lembrar que os outros caminhos (do ócio e do Mal) levam ao sentimento de vazio, de não realização, à dor e ao sofrimento!

 

Raras são as pessoas que se contentam com pouco, com o indispensável, e quando isso é conseguido, canalizam o restante das energias para o seu crescimento interior. Não. O passo seguinte, geralmente, quando o mínimo é conseguido, é mais e/ou melhores bens materiais e procurar ter acesso a uma condição social superior: melhores roupas, um melhor carro, uma melhor casa ou outra casa, frequentar restaurantes mais caros… raramente “guardar mais tempo para si”, para desenvolver o seu conhecimento espiritual…

E no final da vida, ou depois do seu término, num número ainda demasiado grande, ó sofrimento, ó decepção, ó vazio interior! Mais uma oportunidade desperdiçada ou muito longe de bem aproveitada!

 

A Humanidade ainda não compreendeu porque os Mestres Espirituais tanto alertaram para o Ser Humano ter cuidado com os bens materiais, com a ganância, a avareza, o egoísmo…

Não que os bens materiais sejam por si mesmo maus. O Ser Humano deve satisfazer as suas necessidades materiais e tem direito a uma vida digna.

Ser rico ou ter poder não é “pecado”. O perigo, e perigo esse muito grande pois é causa de uma imensidão de sofrimento e decepção que o Homem não é capaz sequer de avaliar, é a pessoa esquecer-se dos reais propósitos que a fizeram nascer, do trabalho que se comprometeu com Deus a vir cumprir na Terra, da justiça, da prática do Bem, da caridade, da justa e correcta distribuição dos recursos naturais (QUE NÃO LHE PERTENCEM), de fomentar a harmonia e a paz com os seus próximos…

O Homem nada pode perante os Supremos Desígnios de Deus. É responsabilidade de cada um individualmente estudá-los e viver de acordo com eles. Enquanto não o fizer, reunirá em si mesmo decepções, sofrimento e andará às cegas, desperdiçando oportunidades atrás de oportunidades, que constituem cada nova reencarnação.

 

Não vale a pena e não levará a lado nenhum culpar alguns religiosos mais mal informados, os materialistas, o consumismo, o relógio (a desculpa do “não ter tempo”). O que é importante é assumir que actualmente o conhecimento está aí, ao alcance de todos, e cada um individualmente, é responsável pelas suas escolhas de vida, pela forma como vive o seu dia-a-dia e gere o tempo disponível.

 

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Actualmente, verifica-se um certo mal-estar interior no Ser Humano que muitos não conseguem definir e compreender. Proliferam todo o tipo de religiões, seitas, correntes místicas, esotéricas, etc. Vendem-se milhares de livros sobre espiritualidade em todo o mundo diariamente. Há muita “sede e fome” de conhecimento espiritual verdadeiro. E sobre o que fazer para desenvolver a espiritualidade além do mero estudo teórico das escrituras sagradas. Se assim não fosse, não existiriam tantas religiões e seitas nem se vendiam tantos livros.

Mas com o proliferar dos movimentos espirituais, como estava previsto há muito tempo, também estão a proliferar os falsos profetas.

Muitos auto-intitulados “mestres” e “instrutores” espirituais são pessoas impreparadas para oferecer aquilo que se propõe oferecer. Muitos ensinam mal e desviam as pessoas do caminho correcto. São como cegos que guiam outros cegos.

Em resultado disso, observa-se uma imensidão de equívocos e contradições graves que apenas prejudicam a evolução da Humanidade.

 

Para dar um exemplo flagrante, acontece que muitos pseudo-mestres falam mal do espiritismo, da comunicação espiritual, da Mediunidade. Na verdade, ainda não compreenderam o que significa evoluir espiritualmente, quais os trajectos que o Homem terá de percorrer se quiser cumprir o seu destino.

E por vezes até são pessoas honestas, porém equivocadas. Mas serão sempre culpadas quando desviam da Verdade, por ignorância ou má vontade, outros do recto caminho. É do mais elementar bom-senso, quando não se sabe, muitas vezes o melhor é calar. E quando se trata de questões sagradas, relacionadas com A Vontade do Altíssimo, o cuidado deve ser multiplicado pelo menos por mil para que a humilhação e a dor não lhe bata à porta!

 

Quanto aos outros, geralmente, as causas da sua “ignorância” são bem vulgares. Nada diferente do que explica muito do Mal que existe na Terra: ensina-se mal ou não se diz muito do fundamental para assegurar a satisfação dos interesses e vaidades, quer pessoais quer de alguns grupos de indivíduos, que vivem como se satanicamente se alimentassem da ignorância e sofrimento das massas.

Apenas podemos lamentar os seus equívocos, fraqueza e/ou má vontade. Poderá ser muito doloroso o preço que terão de pagar aqueles que desviam outros irmãos espirituais da recta Senda.

 

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Tal como os avanços da ciência, também os avanços espirituais são preestabelecidos e organizados por Espíritos Superiores ao serviço de Deus.

A partir do século XIX os fenómenos mediúnicos tornaram-se muito frequentes em todo o mundo.

Sabia e habilmente, os Espíritos elevados permitiram que milhares de sessões espíritas em todo o mundo fossem objecto de distracção, passatempo e curiosidade (atitudes incompatíveis com a espiritualidade superior). Mas a par da diversão de alguns, estava a nascer uma nova época para a Humanidade.

 

Estavam assim criadas as condições para Allan Kardec codificar o que hoje se chama “espiritismo”, divulgando as bases sólidas e fundamentais para o estudo da espiritualidade superior e tratamento para os sofrimentos da alma que abalam a Humanidade.

 

E é aqui que se dá uma viragem no progresso espiritual da Humanidade que tem escapado a muitos. Até ao nascimento do moderno espiritismo, a maioria das religiões nasceram através dos ensinamentos de um único médium. Foi assim com Moisés, Buda, Maomé, Jesus Cristo, etc. Mas na época em que surgiu o espiritismo, os dons mediúnicos e os fenómenos espirituais começaram a proliferar por todo o Planeta ao mesmo tempo por vontade de Deus. Só Allan Kardec trabalhou com cerca de 50 médiuns e contactou com inúmeros outros médiuns e centros espirituais de várias zonas do mundo, tendo averiguado que as mesmas verdades eram divulgadas em todo o lado. Foi no entanto Kardec o escolhido por Deus para codificar o espiritismo, como no passado foram escolhidos Espíritos como Buda, Maomé e Jesus Cristo para divulgar certas verdades.

 

E de nada serve a inveja e a resistência de certos religiosos e pseudo-sábios quanto a este facto. Apenas lhes cabe decidir se querem ou não aceitar a Vontade de Deus, e como se querem apresentar perante o TRIBUNAL DA JUSTIÇA DIVINA. E para compreender a Vontade Divina é preciso estudar, reflectir e ter a mente e espírito abertos. É preciso analisar com o crivo da razão e com o foco luminoso da intuição todas as informações disponíveis, e não, partir de preconceitos, de ideias preconcebidas e/ou abdicar de pensar “por própria cabeça”, encostando-se a dogmas confortáveis.

 

Além disso, a verdade é que mais uma vez por VONTADE DE DEUS, muitas pessoas, sem serem necessariamente “profetas” ou “iluminadas espiritualmente”, podem ter acesso às verdades COMO ELAS SÃO se desenvolverem a sua Mediunidade. É exactamente isso que assusta muitos religiosos e pseudo-sábios! E porque tantas pessoas foram mortas ou encarceradas em conventos…

Nos últimos tempos, diz o Senhor, espalharei O Meu Espírito sobre toda a criatura. Os vossos filhos e filhas hão-de profetizar; os vossos jovens terão visões e os vossos velhos terão sonhos. (Actos 2, 17)

Será preciso explicar o que esta passagem bíblica quer dizer?

 

É óbvio que o espiritismo não cai no erro de uma grande parte das religiões afirmando que “só se salvarão os que acreditarem na nossa linha espiritual”. Isso seria um absurdo. Mais importante que a religião ou a corrente espiritual da pessoa é a sua fé, o estudo da espiritualidade, a prática do Bem e que leve uma vida moralmente saudável e edificadora. Para Deus, o que conta é o acto de tirar a fome a uma criança e não a religião da pessoa que tira a fome!

Mas para o presente trabalho, importa referir que milhares de Espíritos vieram à Terra para se juntarem às fileiras dos “médiuns ao serviço do Senhor” e não estão a cumprir. Estão a quebrar o compromisso que assumiram. Um número muito significativo sabe qual a sua condição. Mas por algum motivo, desertaram…

 

O espiritismo apresenta-se como um movimento de estudo e de divulgação das verdades espirituais. Não se considera uma religião ou seita. Também não tem sacerdócio ou hierarquia organizada.

Todos, independentemente da religião que militem, podem beneficiar dos seus ensinamentos sem prejuízo das suas práticas religiosas pessoais. Nem poderia de ser de outra forma pois como já se viu, são as relações entre o mundo espiritual e seus habitantes e o mundo dos homens (o objecto de estudo do espiritismo) o que deu origem a todas as religiões.

O espiritismo promove o estudo e desenvolvimento espiritual de forma simples, e na verdade, ensina a compreender melhor todas as grandes religiões que existem, ensinando também a separar o “trigo do joio”.

 

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Há dois mil anos, Jesus Cristo veio à Terra e deixou várias mensagens. Apesar da sua mensagem de esperança, de paz, amor e a verdade da bondade e misericórdia Divinas, trouxe também à Terra o aviso de Deus que a Humanidade teria de se renovar o mais rapidamente possível e deixar de praticar o Mal ou estará sujeita a grande sofrimento, unicamente por sua culpa e por não dar ouvidos aos mensageiros divinos. Em muitos casos, além de não dar ouvidos a esses mensageiros, assassinaram-nos barbaramente.

Muitos preocupam-se em ter e fazer prevalecer a sua opinião em vez de procurar a “opinião” de Deus que é a Verdade.

 

Jesus Cristo veio ensinar que Deus não é vingativo. É sim bondoso, amoroso e quer ver os seus filhos felizes, ao contrário do que apregoavam os religiosos da altura para assim melhor dominar as massas populares pelo terror.

 

Deus deu a liberdade de escolha ao Homem para que ele a utilize conforme lhe convenha. O Homem é livre de não praticar o Bem embora com essa atitude esteja a limitar o seu progresso espiritual. Isto porque os ainda ignorantes das leis da existência, na sua cegueira egoísta, não fazem uma pequena ideia de como a todo o momento estão a ser ajudados pela Vida e por outras inteligências! Alguns são ainda como parasitas que apenas olham para os seus direitos. Beneficiam dos recursos da Vida sem se preocupar em dar algo em troca. Desconhecem ainda que, por muito que dêem, dificilmente igualarão o que têm recebido ao longo das várias reencarnações.

 

Esta é uma das principais razões porque algumas pessoas, plenas de riqueza e bens materiais, jamais encontrarão paz acima da Terra enquanto viverem de forma egoísta. Vivem saltando continuamente de estímulo em estímulo, distracção em distracção, de desejo em desejo pois não encontram harmonia interior que perdure durante muito tempo. Alguns julgam que a Vida lhes deu os recursos pessoais (inteligência, a chamada “sorte”, etc.) e/ou materiais por acaso, e eles nenhumas contas têm de prestar.

Esquecem-se que é da LEI DE DEUS, os mais fortes ajudarem os mais fracos, os que têm ajudar os que não têm, os capazes ajudarem os que por falta de capacidade ou oportunidade não são capazes.

 

Apesar disso, como foi dito, o Homem é livre de não praticar o Bem.

Agora praticar o Mal, causar dano, prejuízo, sofrimento, é delito pelo qual tem obrigatoriamente de responder.

 

Na verdade, o grave e severo aviso deixado por Jesus Cristo invade toda a Terra e está presente em todas as grandes religiões e inúmeras correntes espirituais. Não existe zona do Planeta onde por lendas, mitos, histórias ou nas escrituras sagradas das mais diversas religiões, não esteja presente o aviso que a Humanidade precisa de se renovar moralmente. Faz parte dos Planos Cósmicos uma futura selecção espiritual, onde “os lobos serão separados dos cordeiros”.

Jesus Cristo passou por este planeta há dois mil anos. E no entanto, que renovação moral se verifica na Terra?

 

Actualmente, existem muito mais pessoas a praticar o Mal ou a oscilar entre o Bem e o Mal do que pessoas a praticar sempre o Bem.

Apesar dos recursos espantosos da ciência e da tecnologia que Deus deu ao Homem, a Humanidade ainda não acabou com a pobreza, com fome e com as vergonhosas guerras. A todo o minuto morrem crianças de fome nuns locais enquanto noutros morrem adultos com alguma doença relacionada com o excesso de comida.

Os avanços da ciência que Deus permitiu para o Homem se salvar definitivamente, escravizaram ainda mais o Homem, devido à avareza e egoísmo de uns poucos, e fraqueza e permissividade de muitos.

O Homem deixou de respeitar o seu próximo, a si mesmo e ao Planeta que é a sua casa e escola temporária de “Educação Espiritual”. Em algumas décadas está a destruir o equilíbrio de Planeta Terra que precisou de inumeráveis milhões de anos para chegar até aos nossos dias e permitir a Vida tal como a conhecemos, pondo em risco a sua própria sobrevivência!!!

 

Que tolo esse ser chamado Homem!

 

Muitos estudiosos e especialistas em espiritualidade afirmam que só a gravidade e sofrimento que espera o Homem por causa dos seus erros e má vontade, e que não é sequer possível ao Homem avaliar pois é como uma criança que não vê o perigo em que anda metido, é que pode justificar um ser tão elevado e bondoso como Jesus Cristo ter-se sujeitado a tanto sofrimento e humilhação como foi o seu caso, na esperança de salvar a Humanidade, ou pelo menos, uma parte dela.

 

Muitos desses mesmos estudiosos crêem que o espiritismo e a proliferação da Mediunidade é a última oportunidade que Deus, na sua bondade e misericórdia deu à Humanidade para se redimir e evitar um extermínio colectivo. E para muitos, os tempos já são chegados. Certas mudanças planetárias já estão em marcha para o Juízo Final. Cabe a cada um decidir-se definitivamente pela Direita ou pela Esquerda do Cordeiro. Uma coisa é certa, todos estão avisados pois Deus faz questão disso mesmo. Não existe cultura ou zona do Planeta onde esta profecia não seja conhecida. Também todas as grandes religiões o garantem.

 

Muitos duvidarão é certo. Mas cada um é livre de pensar o que quiser. Foi o próprio Deus que deu esse direito a cada um!

Cabe aos interessados escutar o seu coração.

Cada qual deve elevar a mente a Deus e pedir-lhe forças e luz para que, quando essa selecção espiritual ocorrer, esteja encarnado ou desencarnado, ser um dos escolhidos para a direita do Juiz Divino. E não esquecer que só com acções e com obras é possível ser um dos escolhidos, qualquer que seja a religião ou corrente espiritual da sua eleição pois isso muitas vezes é o menos importante.

 

Para terminar este capítulo, transcrevemos uma comunicação espiritual atribuída a Jesus Cristo e que consta no Livro do Médiuns compilado por Allan Kardec. Esta comunicação espiritual foi segundo as palavras de Allan Kardec, recebida por um dos melhores médiuns que com ele trabalhou.

 

Sou eu que venho, o teu salvador e o teu juiz. Venho como outrora entre os filhos transviados de Israel. Venho trazer a verdade e dissipar as trevas. Ouvi-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos materialistas que acima deles reina a verdade imutável: o Deus Bom, o Deus Poderoso que faz germinar as plantas e levanta as ondas. Revelei a Divina Doutrina. Como o ceifeiro liguei em feixes o bem esparso pela Humanidade e disse: Vinde a mim, vós todos que sofreis!

 

Mas, ingratos, os homens se desviaram do caminho recto e largo que conduz ao reino de meu Pai e se perderam nos ásperos atalhos da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana. Quer, não mais através dos profetas, não mais por meio dos apóstolos, mas que vos ajudeis uns aos outros, mortos e vivos, ou seja, mortos segundo a carne, porquanto a morte não existe, que vos socorrais mutuamente e que a voz dos que não mais existem se faça ouvir ainda para clamar: Orai e crede! Porque a morte é a ressurreição e a vida, a prova escolhida, durante a qual as vossas virtudes cultivadas têm de crescer e desenvolver-se como o cedro.

Crede nas vozes que vos respondem: são as próprias almas dos que evocais. Só muito raramente me comunico. Meus amigos, os que assistiram à minha vida e à minha morte são os intérpretes divinos dos Desígnios de meu Pai.

Homens fracos, que acreditais no engano de vossas inteligências obscuras, não apagueis a chama que a clemência divina colocou em vossas mãos, para clarear o caminho e vos levar, filhos extraviados, ao regaço de vosso Pai.

Eu vos digo, em verdade, crede na diversidade, na multiplicidade dos Espíritos. Estou bastante tocado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa imensa fraqueza, para não estender a mão protectora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem no abismo do erro. Crede, amai, compreendei as verdades que vos são reveladas; não mistureis o joio com o bom trigo, os sistemas com as verdades.

Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensino; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo. Os erros que nele se enraizaram são de origem humana. E eis que do além-túmulo, que julgais vazio, as vozes clamam: Irmãos! nada perece; Jesus-Cristo é o vencedor do Mal, sede os vencedores da impiedade.

 

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