Dinheiro, Mediunidade, Espiritualidade e Espiritismo
DINHEIRO, ESPIRITISMO E ESPIRITUALIDADE
A QUESTÃO DA REMUNERAÇÃO POR SERVIÇOS ESPIRITUAIS E A QUESTÃO DE EXERCER A MEDIUNIDADE PROFISSIONALMENTE
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DAS EXPRESSÕES “ESPIRITISMO”, “ESPÍRITA” E “CENTRO ESPÍRITA”
José Matos
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Introdução
Viver em liberdade e democracia implica direitos mas também deveres. Nos países mais avançados a liberdade de expressão e o direito à indignação conquistaram terreno e hoje o cidadão tem direito de se expressar contra os interesses instituídos. Este trabalho irá fazer uso desses direitos relativamente ao assunto acima descrito.
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas podem escolher um livro ou a obra de um autor ou de vários autores e formar um grupo de estudo, um movimento ideológico. Existem milhares de movimentos desses pelo mundo, sejam religiosos, seja nos meios académicos, nos meios políticos, científicos, nas mais diversas áreas do conhecimento.
A obra Karl Max é disso um bom exemplo. Deu origem ao comunismo e não só. Mas o maior exemplo parece ser a Bíblia. Existem actualmente centenas de movimentos evangélicos. Alguns chegam mesmo a pegar numa frase da Bíblia e constroem uma associação religiosa (por vezes chamada de “seita”).
E a liberdade é isso e estamos completamente de acordo que cada um, se julgar que pode fazer um trabalho interessante, porque não criar um novo movimento?
Foi exactamente isso que também aconteceu com a obra de Allan Kardec, o chamado “espiritismo” ou melhor e mais correcto, o “espiritismo kardecista”. Ao longo de cerca de 150 nos tem havido um conjunto de pessoas que se dedica ao estudo da obra desse escritor espiritualista do seculo XIX chamado Allan Kardec (pseudónimo). São obras de espiritualidade com especial enfoque nos dons mediúnicos ou mediunidade.
A mediunidade é o conjunto de faculdades que permite ao ser humano ser sensível a estímulos e energias espirituais. Os dons espirituais mais conhecidos são a vidência, a audição de vozes de espíritos e os dons de cura. No passado e em escrituras sagradas como a Bíblia, elegia-se a capacidade da profecia como um dos dons mais importantes. No entanto, o dom espiritual mais comum é a mediunidade sensitiva, ou seja, pessoas que são muito sensíveis às energias das outras pessoas e de lugares. Mas há outros dons. Por exemplo a Bíblia está repleta de experiências mediúnicas de vários dons espirituais.
No entanto, como toda a obra humana, o espiritismo kardecista tem as suas limitações e alguns erros. E como sempre acontece, isso gera confusão, mistura de verdades com mentiras ou meias verdade.
Escrevemos este trabalho devido ao número de pessoas que nos colocam questões relacionadas com os temas do título: o que é realmente o espiritismo e a questão do dinheiro no exercício da mediunidade. Mas não só. Com este artigo também respondemos a um pequeno número de pessoas que utilizam as redes sociais e outros meios para ofenderem pessoas e centros de espiritualidade mediúnica que não conhecem quando disponibilizam serviços de espiritualidade remunerados. Confundem coisas que nada têm a ver umas com as outras. Confundem espiritismo com religião, espiritismo com a descoberta da mediunidade, confundem mediunidade com dons especiais, confundem dinheiro com o mal.
Esse pequeno número de pessoas divide-se em dois grupos. Uns perguntam com respeito e diplomacia e obtêm resposta. Outros, partem logo para o insulto, para a falta da educação, achando-se detentores de verdades absolutas, algo que até os maiores sábios da humanidade não se atreviam assumir possuir. E para confundir ainda mais, quando o assunto é dinheiro, de vez em quando um ou outro adepto do espiritismo vai para meios audiovisuais, como rádio, televisão ou o Youtube, dizer disparate atrás de disparate, passando a si próprio um atestado de ignorância: vai falar de espiritismo sem saber o que o é o espiritismo.
Mas há culpados. E os culpados são alguns dirigentes de várias correntes de pensamento espiritual e religioso. Mas de certas religiões e seitas não vamos aqui discutir. Talvez fosse perda de tempo. O seu fanatismo é tão atroz e manipulador, por vezes tão criminoso perante as Leis de Deus, que não vamos perder tempo com eles até porque esse trabalho tem sido feito por vários autores e sobretudo pela comunicação social, que tem denunciado certas máfias criminosas ligadas à religião.
E nalguns casos, como por exemplo certas seitas evangélicas, nem valeria a pena pois muitos fiéis aceitaram a proibição anti-fraternal de não poder consultar redes sociais como o Facebook e a Internet. São até proibidos de ler outros livros que não os da seita.
Enfim, é a lavagem cerebral que estupidifica, aceite em pleno século XXI. Seitas que proíbem (alguns dizem que apenas “aconselham”) as pessoas de lerem outros livros que não a Bíblia ou alguma outra “escritura sagrada”, que proíbem os seus fieis de terem Facebook para comunicarem nem que seja com amigos e familiares, não estão certamente, pelo menos nesse ponto, ao serviço da liberdade de pensamento que é uma das Leis de Deus, a Lei da Liberdade e do Livre Arbítrio. Deus criou-nos livres e com livre arbítrio. Quem se julgam esses para o retirar? Talvez tenham medo que os seus fiéis sejam esclarecidos de alguma coisa que os incomode…
Vamos sim empreender este esforço em relação a uma corrente de pensamento espiritual que ainda está a tempo de mudar. Ainda está a tempo de eliminar erros que funcionam como ervas daninhas que travam o evoluir da espiritualização universal da Humanidade. Essa corrente é o espiritismo chamado “kardecista”.
É relativamente fácil para quem como nós, que assume uma atitude ecléctica em relação à espiritualidade, que estuda sem qualquer preconceito as diferentes “religiões”, analisando e comparando conhecimentos e práticas, ficar intrigado ao verificar que o espiritismo pouca aceitação teve por parte de autores famosos, considerados sábios, e muitos, procuraram a todo o custo dele se demarcarem. Um dos exemplos mais famosos é Helena Blavatsky mas não só. Ao longo de 30 anos de estudo deparamo-nos com mais de uma dezena de autores espirituais, dentro do grupo dos mais famosos cujas obras estão disponíveis em língua inglesa e portuguesa, que procuram de demarcar do espiritismo kardecista e da mediunidade.
A nível geográfico, o espiritismo ficou durante décadas circunscrito ao Brasil, onde aí encontrou terreno fértil para prosperar em número de centros espíritas e, talvez devido à língua, um pouco em Portugal.
Ora para alguém que conhece profundamente obra de Allan Kardec, que para nós representa um marco importante na história da espiritualidade, é estranho.
E temos hoje algumas hipóteses acerca disso. Allan Kardec ou quem estava por detrás dele, quem o orientou, cometeu alguns erros que perigaram a aceitação universal da sua obra. E a primeira delas, é que muitos estudiosos e curiosos honestos ainda não perceberem realmente o que é o espiritismo. E Allan Kardec não foi muito claro apesar dos seus imensos esforços. É que a tarefa não era nada fácil. Além da obra principal, a chamada Codificação Espírita, Kardec escreveu mais dois livros para tentar esclarecer o que é o espiritismo e mesmo assim isso não foi suficiente para muitas pessoas.
Mas o esclarecimento do que é o espiritismo não é a única lacuna na obra da Allan Kardec. Também há equívocos e erros. Mas ele próprio previu isso.
São essas lacunas e alguns poucos erros, uns mais significativos do que outros, que dão abertura a que certas pessoas com responsabilidades assumidas divulguem erros que não deveriam ser divulgados. A vamos aqui abordar alguns.
Mas atenção. Não se pense que vamos desvalorizar a obra kardecista. A obra de Allan Kardec é muito importante para a evolução espiritual da Humanidade. Devemos, como em tudo na vida, aprender a escolher o bom e a rejeitar o menos bom. É importante reflectir sobre o facto de ao contrário de outros autores e mestres espirituais, que nenhum texto escreveram, ou pelo menos, não se conhece nenhum texto escrito com o seu próprio punho que tenha chegado até aos nossos dias, Allan Kardec escreveu milhares de páginas!
Algumas escrituras sagradas conhecidas levaram anos a serem escritas. Conhecemos livros escritos pela Igreja Católica que demoraram muitos anos e até décadas a serem escritos. E porquê? Para dar tempo de toda a frase e toda a ideia ser exaustivamente pensada e analisada, muitas vezes por várias pessoas, para não correr o risco de deixar escrito algo contrário aos ensinamentos e estratégia da Igreja.
Allan Kardec escreveu milhares de páginas em poucos anos. A diferença é significativa. Se alguns erros existem na sua obra e algumas ideias não foram suficientemente bem esclarecidas, é injusto e ingrato denegrir o todo pela parte.
Provavelmente seria tão absurdo e desonesto como deitar para o lixo o esforço e os ensinamentos de Jesus porque ele se equivocou ao afirmar que a semente de mostarda é a mais pequena das sementes (Mateus 13:31-32), o que não é verdade, ou porque não esclareceu certas ideias publicamente deixando por vezes as pessoas a pensarem coisas erradas ou ficando ainda mais confusas.
A questão do dinheiro é das questões mais mal interpretadas nas diferentes religiões e movimentos espirituais.
E o Espiritismo também nisso não foi excepção. Em vez de esclarecer trouxe ainda mais confusão. Não as obras de Allan Kardec que praticamente não falam em dinheiro. Mas sim alguns dirigentes e autores. Na realidade e para que fique desde já esclarecido: NÃO EXISTE EM TODA A OBRA DE ALLAN KARDEC NENHUMA ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL DOS ESPÍRITOS SOBRE O DINHEIRO.
Alguns dirigentes e as Federações Espíritas em geral merecem o nosso respeito pois trabalham de algum modo para a divulgação do espiritismo kardecista. Mas falham e enganam as pessoas quando disseminam mentiras como se estivessem na posse de “verdades absolutas” quando dizem:
– “A espiritualidade tem de ser de graça.”
– “Os centros espíritas não podem cobrar dinheiro.”
– “Os centros espíritas não têm nada a ver com Tarot, com Reiki…”
– “Os médiuns não podem cobrar dinheiro.”
– “A mediunidade nunca poderá ser uma profissão, nunca houve médiuns profissionais.”
– “Eu vi no site da Federação Espírita “X” que se o médium levar honorários é porque é um charlatão”
Etc.
E depois, as pessoas ficam enganadas, confundem “alho com bugalhos” e vão chatear que trabalha honestamente na espiritualidade quando cobram honorários.
Se é verdade que há pessoas que colocam essas questões de forma humilde e fraternal, outras há que partem logo para o insulto. Outras, na verdade escondem atitudes erradas de prepotência, ignorância, parasitismo e até maldade nalguns casos. Os pensamentos destes poucos geram em torno da ideia: “Eu trabalhar de graça nem pensar. Mas os médiuns têm de trabalhar de graça. Estou-me nas tintas se eles gastam dinheiro e tempo para me servir.”
Mas os piores, os que mais insultam, são os que se dizem espíritas. E alguns são dirigentes. Coitados desses. Confundem espiritismo e mediunidade com coisas que nada têm a ver com espiritismo, como cobrar ou não cobrar, tarot com falsa espiritualidade, dinheiro e dignidade com mercantilismo.
Mas há culpados destes equívocos. E os culpados são um certo grupo de pessoas ligadas ao movimento espírita brasileiro, responsáveis por levar e divulgar até aos dias de hoje, da França para o Brasil a obra de Allan Kardec, o autor que oficialmente divulgou estas expressões. Nem todos são culpados por isso não vamos falar em nomes. Devemos a muitas dessas pessoas a sobrevivência e divulgação do espiritismo kardecista por um lado, mas lamentamos as mentiras disseminadas, embora alguns tenham agido no passado e outros continuam a agir no presente, motivados por boas intenções. Mas boas intenções nem sempre apregoam a Verdade. Uma parte significativa dessas pessoas estiveram e estão ligados à maçonaria e à alta burguesia brasileira, que apesar de falarem tanto no exemplo do único mestre que reconhecem publicamente (Jesus), não abdicam do seu conformo material e reclamam para os outros provações que eles próprios não enfrentam e até recusam.
Veja-se os oradores dos congressos espíritas: doutores e mais doutores, altas patentes das forças armadas…
Uma parte desta elite, de pessoas “bem na vida”, com vaidade e presunção, nas horas livres pretendem constituir uma nova espécie de “papado”, uma espécie de nova ordem religiosa, dizendo aos outros o que que fazer e o que não fazer no que diz respeito à obra de Allan Kardec e pior ainda, ao exercício da Mediunidade que é Universal, indo contra às próprias palavras de Allan Kardec, que disse várias vezes que a sua obra não pretendia abrir caminho a um novo “papado” nem a uma “nova religião”.
“O Espiritismo não é uma religião, não pretende ser uma religião.”
Allan Kardec in Revista Espírita, setembro de 1862
Alguns desses erros, fonte de equívocos que alguns ignorantes mais mal-educados usam para ofender pessoas e Centros de Espiritualidade, pessoas que não conhecem nem têm qualquer tipo de competência para avaliar a sua honestidade, é baseada nas infelizes ideias desses divulgadores. Depois, os centros e “espíritas” de outros países como principalmente Portugal, seguem essas ideias, sem pensarem por própria cabeça.
E o mais estonteante, é que bastava ler a primeira página do “Livro dos Espíritos”. Nem era preciso mais. Muitos acham-se “grandes espíritas” e nem a primeira página da obra de Allan Kardec percebem… Meu Deus!
Mas vamos imediatamente esclarecer as expressões.
PRIMEIRAS PALAVRAS DO LIVRO DOS ESPÍRITOS, CONSIDERADO A OBRA PRINCIPAL DE ALLAN KARDEC PELOS “ESPÍRITAS KARDECISTAS”
“Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.
Como especialidade, o Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão porque traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista.”
Texto do Livro dos Espíritos de Allan Kardec (1857)
EXPLICAÇÃO DAS PALAVRAS DE ALLAN KARDEC
Vamos dividir em 3 pontos as ideias de Allan Kardec.
PONTO 1: OS MATERIALISTAS
Há pessoas que acreditam na Alma Humana e outras não. Para facilitar a comunicação, Allan Kardec chamou de “materialistas” às pessoas que acreditam que o Ser Humano nada mais é do que matéria. Para os materialistas a alma não existe. Quando o corpo morre tudo acaba.
PONTO 2: OS ESPIRITIALISTAS
Existem outras pessoas que acreditam que o ser humano é algo mais do que o corpo físico, do que matéria. Às pessoas que acreditam que o Ser Humano tem uma alma ou espírito, chamou de espiritualistas. Para os “espiritualistas” o Ser Humano é um espírito encarnado.
Tanto o termo “materialista” como “espiritualista” eram vulgarmente utilizados na época de Allan Kardec (século XIX).
PONTO 3: DIFERENÇAS ENTRE ESPIRITUALISTAS, OS QUE ACREDITAM OU NÃO NA MEDIUNDIADE
As diferenças de crenças entre as pessoas não se ficam por aqui, entre acreditar ou não na alma. Allan Kardec verificou que entre os espiritualistas havia pessoas que não acreditavam nas influências dos espíritos desencarnados (“espíritos dos mortos”) em relação aos seres humanos. Não acreditam por exemplo que as almas desencarnadas podem comunicar-se com os seres humanos através da mediunidade. Então, Allan Kardec propôs que se chamassem de “Espíritas” ou “Espiritistas” às pessoas que acreditam na mediunidade, que acreditam que os espíritos desencarnados podem interagir, influenciar, comunicar com os seres humanos.
Esta é caro leitor a única interpretação justa e séria da proposta de Allan Kardec relativamente à palavra “Espírita”.
“Espírita” não é uma descoberta de Allan Kardec nem o início de um novo tipo de pessoas, nem o início de uma nova religião, sem de uma nova era…
“ESPÍRITA” É APENAS UMA PROPOSTA DE ALLAN KARDE PARA DISTINGUIR OS ESPIRITUALISTAS QUE ACREDITAM NA MEDIUNIDADE DOS ESPIRITUALISTAS QUE NÃO ACREDITAM NA MEDIUNIDADE. Nada mais.
Logo, um “Centro Espírita” é um local onde existem actividades associadas ao estudo e/ou exercício da mediunidade, como consultas, cursos, tratamentos espirituais…
E o Espiritismo de Kardec é um estudo, um conhecimento que tem como foco as relações entre almas desencarnadas e encarnadas, entre os espíritos e o mundo material. Dá grande enfoque à mediunidade e aos benefícios que a Humanidade pode usufruir do desenvolvimento da mediunidade. Na verdade, a grande novidade do Espiritismo da Obra de Allan Kardec é o Estudo da Mediunidade. A mediunidade é a espiritualidade pura e mais avançada.
CONCLUSÕES E DESMISTIFICAÇÃO DE EQUIVOCOS
– As palavras “Espiritismo”, “Espírita” e “Centro Espírita” na sua génese nada têm a ver com caridade, com cobrar ou não cobrar dinheiro por serviços de Espiritualidade. Conhecemos a obra espírita de ponta a ponta e não existe nenhuma comunicação espiritual na obra de Allan Kardec de um Espírito Superior a falar directamente em dinheiro no exercício da mediunidade. Incrível não é? Porque será?
– As comunicações espirituais de conteúdo fiável (e mesmo sem ser fiável) que deram origem às obras de Allan Kardec em momento algum associam o exercício da mediunidade com honorários, com cobrar dinheiro. O Livro dos Espíritos beneficiaram na sua esmagadora maioria do exercício da mediunidade de uma médium profissional, que cobrava dinheiro, a Sra senhora Japhet!
– É absolutamente mentira que o exercício da mediunidade não pode ser exercido de forma profissional. Jesus era um médium profissional. Não sabemos se cobrava. Provavelmente nem precisava naquele tempo. Mas era um espiritualista profissional. Uma grande parte dos profetas eram espiritualistas profissionais. Viviam a ensinar espiritualidade e a exercer a mediunidade. Logo, era a sua profissão. Qual é o problema acerca disso? Um sacerdote católico não é um profissional da religião? E qual é o mal? Um pastor, um rabi, um bispo não é um profissional? Qual é o problema? Um profissional é alguém que dedica a sua vida activa a uma área, tornando-se especialista. Há algum mal nisso?
A maior parte dos Reis, Imperadores e actualmente políticos e poderosos têm espiritualistas profissionais que os aconselham.
– A Frase “dai de graça o que de graça recebestes” é utilizada fora do contexto para justificar o exercício da espiritualidade de graça. E é aqui que inserimos as pessoas bem-intencionadas que não têm certeza se Deus aceita ou não uma retribuição financeira por serviços espirituais. Então, por receio, e como têm essa dúvida, recorrem a essa frase. Mas estão errados. Jesus disse aquela frase há 2000 anos, naquele contexto, àquelas pessoas e naquelas circunstâncias. Nunca disse que não se devia cobrar ou aceitar ofertas ou o dízimo. Aliás, de forma provavelmente fanática ou para exigir uma prova a certas pessoas, dizia para dar tudo aos pobres ou para a sua causa.
“E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me.
Mas, ouvindo ele isto, ficou muito triste, porque era muito rico.” Lucas 18:22,23
“Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos.” Atos 4:34
No entanto, aceitamos a ideia que possa haver pessoas que por uma questão de missão ou karma não devam cobrar dinheiro.
– O argumento que os dons espirituais devem ser exercidos de graça é tão absurdo como exigir que o trabalhador intelectual ou braçal trabalhe de graça. Todos os dons são dados de graça por Deus. Há os dons físicos, os dons mentais e os dons espirituais.
Uma pessoa que retribua pelo exercício dos dons espirituais não está a pagar pelos serviços dos Guias Espirituais mas pelas necessidades humanas dos médiuns. Esta é a visão correcta e justa.
– O outro argumento que cobrar por serviços espirituais pode abrir portas à tentação da ambição materialista, ao egoísmo e à vaidade é igualmente absurdo e utópico. Ninguém tem nada a haver com a forma como as pessoas gastam o dinheiro que é fruto do seu trabalho da mesma forma que um empregado não tem de prestar contas a um patrão no que respeita à forma como gere o dinheiro do salário. Parem de exigir uma perfeição que não têm. Parem de defender uma perfeição que nem sabem se é mesmo perfeição. Deixem as pessoas terem um pouco de ego e vaidade pois a experiência nos está e ensinar que muitas vezes é essa a diferença entre escolher a vida ou a depressão e a aridez, ou pior ainda, entre viver com alegria e sonhos e o suicídio mais ou menos camuflado.
E já agora, muitos espíritas não sabem da passagem da vida de Allan Kardec, quando este foi confrontado com o facto de cobrar pelo seu trabalho de escrita sobre o espiritismo. Ele respondeu que não tem de dar satisfações a ninguém dos seus negócios!
Não, Allan Kardec não era totalmente contra de alguém receber dinheiro. Vamos analisar uma passagem muito significativa que os alguns espíritas kardecistas mais fanáticos detestam que se fale: o artigo “Os milhões do Sr. Allan Kardec” da Revista Espírita, junho de 1862.
Houve um padre da Igreja Católica que critica Allan Kardec por receber dinheiro pelos seu trabalho. Mais, dizia que Allan Kardec cobrava muito caro pelos seus escritos e dava alguns sinais exteriores de riqueza.
“O Espiritismo ensina ainda que a fortuna é um depósito do qual será preciso dar conta, e que o rico será julgado segundo o emprego que tiver feito dela. Se tivesse a que me é atribuída, e se, sobretudo, eu a devesse ao Espiritismo, seria perjuro aos meus princípios, empregando-o para a satisfação do orgulho, e para a posse dos gozos mundanos, em lugar de fazê-la servir à causa da qual abracei a defesa.”
Portanto Kardec reconhece que o dinheiro e fortuna são um “depósito” de Deus e isso nada tem de errado. No entanto o rico terá de prestar contas pela gestão desse dinheiro. Já Jesus tinha ensinado “A quem muito é dado (dado por Deus) muito será pedido (o uso que fez do que Deus deu.”
A tal parte polémica vem agora. O padre dizia algo do género: “Se vocês os que vos dizeis espíritas apregoam tanto a caridade, porque Alllan Kardec cobra pelo seus escritos? Porque não trabalha de graça?”
Sobre a crítica do padre ao preço dos seus trabalhos disse Allan Kardec:
“Mas, diz-se, e vossas obras? Não vendestes caro os manuscritos? Um instante; é entrar aqui no domínio privado, onde não reconheço a ninguém o direito de se imiscuir; tenho sempre honrado os meus negócios, não importa ao preço de quais sacrifícios e de quais privações; não devo nada a ninguém, ao passo que muito me devem, sem isto, teria mais do dobro do que me resta, o que faz que, em lugar de subir a escala da fortuna, eu a desço.
Não devo, pois, conta dos meus negócios a quem quer que seja, o que é bom constatar; todavia, para contentar um pouco os curiosos, que não têm nada de melhor a fazer do que se misturar com aquilo que não lhes diz respeito, direi que, se tivesse vendido meus manuscritos, não teria feito senão usar do direito que todo trabalhador tem de vender o produto de seu trabalho; mas não vendi nenhum deles; ocorre que dei, pura e simplesmente, no interesse da coisa, e que se vende como se quer sem que disso me retorne uma moeda.”
Pois é. E agora? Com que estão Allan Kardec pode cobrar pelos seus “negócios” mas os médiuns não?
Os médiuns têm obrigação de deixar o conforto dos seus lares, deixar a sua família e filhos em casa, ir para o Centro Espírita trabalhar de graça, muitas vez ainda pagar para fazer caridade (gastando dinheiro em transportes, cota mensal, livros, papel, caneta ou lápis, etc.).. e o Sr Allan Kardec reúne o material fruto do esforço desses médiuns, coloca esse material em papel e já pode cobrar?
Como não poderia deixar de ser, Allan Kardec defendeu-se dizendo que os livros custam dinheiro a fazer e as editoras não o fazem de graça.
“Os manuscritos se vendem caros quando são obras conhecidas, cujo sucesso é assegurado de antemão, mas em nenhuma parte encontra-se editores bastante
complacentes para pagar, a preço de ouro, obras cujo produto é hipotético, então quando não querem mesmo correr a chance dos fracassos de impressão; ora, sob este aspecto, uma obra filosófica tem cem vezes menos valor do que certos romances unidos a certos nomes. Para dar uma idéia dos meus enormes benefícios, direi que a primeira edição de O Livro dos Espíritos, que empreendi por minha conta e por meus riscos e perigos, não tendo encontrado editor que haja querido dela se encarregar”
– Parem de vez com o argumento que o dinheiro é a raiz de todos os males. O dinheiro é um avanço civilizacional. O dinheiro não tem culpa de nada. Chega de hipocrisia como um padre que eu assisti durante a missa atacar os ricos e os poderosos e no final da missa pede dinheiro aos fiéis para as obras da Igreja! Com que então o dinheiro é mau mas só se tiver nos bolsos dos outros?!
Chega de mentira. Onde está a beleza da pobreza e da falta de dinheiro quando uma mãe com um filho nos braços esfomeado não tem dinheiro para comida?
Onde está a beleza de haver uma saúde para ricos e outra para pobres? Uma justiça para ricos e uma para pobres?
Jesus era rico. Sim, rico. Naquele tempo só os ricos aprendiam a ler e a escrever, e tinham suficiente influência para chegarem a Sacerdotes na religião Judia. Era um Rabi, um mestre religioso.
“Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis.”
2 Coríntios 8:9
Alguns têm o atrevimento de escreverem em livros e na Internet que a riqueza que fala esta passagem é espiritual. Enfim, anedotas.
Talvez algumas pessoas fiquem satisfeitas ao saberem que Jesus terminou pobre. Os seus ensinamentos começaram a divergir dos outros mestres judeus. Depois de algum tempo, Jesus foi proibido de ensinar e até de entrar nas sinagogas (templos do Judaísmo). E depois, começou a andar fugido pois queriam matá-lo. Ao ser foragido se considera que se “tornou pobre”.
– A democracia é liberdade. Qualquer pessoa tem direito a abrir um centro espiritual e escolher o autor, religião ou mestre espiritual para ensinar e seguir as orientações das obras desse autor ou mestre. E deve respeitar os outros.
– As pessoas que apenas estudam as obras de Allan Kardec podem ser chamadas de kardecistas por uma questão de facilitar a comunicação e demonstrarem a sua orientação de base. Mas não têm direito a reclamar para si a exclusividade das expressões “espírita”, “espiritismo”, “centro espírita” nem “mediunidade”. E é isso que muitas pessoas e dirigentes ainda não entenderam.
“O Espiritismo é uma ciência (conhecimento, estudo, investigação) que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”
“Pergunto-vos, em primeiro lugar, qual a necessidade da criação de novos termos: espírita e espiritismo, para substituir: espiritualista e espiritualismo, que são da língua vulgar e por todos compreendidos?
Resposta de Allan Kardec:
— De há muito tem já a palavra espiritualista uma acepção bem determinada; é a Academia que no-la dá: Espiritualista, aquele ou aquela pessoa cuja doutrina é oposta ao materialismo. Todas as religiões são necessariamente fundadas sobre o espiritualismo. Aquele que crê que em nós existe outra coisa, além da matéria, é espiritualista, o que não implica a crença nos Espíritos e nas suas manifestações.
Como o podereis distinguir daquele que tem esta crença?
Se adotei os termos espírita, espiritismo, é porque eles exprimem, sem equívoco, as ideias relativas aos Espíritos. Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas.”
Fica aqui pela segunda vez claro que Allan Kardec propôs que se chamasse “Espíritas” às pessoas que acreditam na mediunidade, na influências dos espíritos para distinguir dos espiritualistas que acreditam que o ser humano é um espírito mas não acreditam nas influências dos espíritos nem na mediunidade.
E não, como por vezes se dá a entender, para formar uma nova religião ou organização que vai dizer ao mundo inteiro o que se pode fazer ou não com a mediunidade e com a questão dinheiro.
Outro erro é pensar que Allan Kardec e o “espiritismo kardecista” inventou a mediunidade e esta só pode ser exercida desta ou daquela maneira.
O próprio Allan Kardec reconheceu:
“O erro de todos está em crerem que a fonte do Espiritismo é uma só, e que se baseia na opinião de um só homem (…) essa fonte do Espiritismo não se acha num ponto, mas em toda parte, porque não há lugar em que os Espíritos se não possam manifestar, em todos os países, nos palácios e nas choupanas.
(…) O Espiritismo, pois, não é uma criação moderna; tudo prova que os antigos o conheciam tão bem, ou talvez melhor que nós; somente ele não era ensinado, senão com precauções misteriosas que o tornavam inacessível ao vulgo, abandonado de propósito no lamaçal da superstição.”
E esta é, repetimos, a verdadeira essência do espiritismo: ajudar a compreender a mediunidade para entender melhor a espiritualidade e a religião. O espiritismo não ensinou nada de novo que outras religiões já não ensinassem com excepção da mediunidade. As pessoas que estavam por detrás de Allan Kardec, incluindo ele próprio, tinham conhecimentos de Hinduísmo, Budismo, Hermetismo Ocidental, Cabala, etc. Mas não falaram disso para não chocar a opinião pública e dificultar a divulgação da obra de Kardec. Ficaram-se por Platão e alguns santos para não afrontar demasiado a Igreja Católica.
– A confusão das expressões “Doutrina” e “Codificação”.
Devido à falta de conhecimento e alguma preguiça em pesquisar, muitas pessoas acham que o espiritismo kardecista é uma religião por utilizar expressões como “doutrina espírita” e “doutrina kardecista”. E mais, que é uma religião completa que dá tudo o que é preciso. Não há necessidade de estudar mais nada, mais nenhuma religião, outros autores, outros mestres…
Isso acontece porque no mundo acidental a religião mais conhecida é a Católica. E como as pessoas cresceram a ouvir falar em “doutrina cristã”, confundem as coisas. Como a obra de Allan Kardec fala em “doutrina” essas pessoas acham que espiritismo é uma religião de que deve fazer esquecer todas as outras, com excepção dos evangelhos de Jesus.
Mas não, “doutrina” não significa religião mas sim, segundo os dicionários, “um conjunto de princípios ou conhecimentos que servem de base a um sistema ou organização, que pode ser religioso, filosófico, político, militar, científico, etc.”
No fundo, é um conjunto de conhecimentos que servem de orientação.
Fica desfeito o equívoco.
– Nesta altura do artigo, pensamos que já ficou claro que a grande questão das expressões “espírita”, “centro espírita” e “espiritismo” é a MEDIUNIDADE e a influência dos espíritos e possibilidade deles se comunicarem com os vivos. Nada mais.
– O Exercício da Mediunidade pode ser feito de inúmeras formas e não se restringe a toques em mesas (que já nem se usa) ou a escrita automática (psicografia). Na verdade, são dezenas para não dizer centenas as “mâncias” catalogadas historicamente. Os ataques de certas pessoas a técnicas de consulta espiritual com exercício da mediunidade como o Tarot, os búzios e a milenar radiestesia (a que a Humanidade tanto deve, nomeadamente no exercício dos vedores a descobrir lençóis de água para a construção de poços) prova que certos dirigentes espíritas só têm a teoria mas não a mediunidade suficientemente desenvolvida. Como não são médiuns desenvolvidos, como não sabem realmente como a mediunidade funciona porque não têm a experiência, e quando opinam sobre certos assuntos só dizem disparates. São como cegos a tentar orientar outros cegos e pior ainda, a tentar orientar os que vêm bem!
– Um exemplo de uma expressão alternativa para um Centro Espiritual com foco na mediunidade é “Centro de Espiritualidade Mediúnica” em vez de “Centro Espírita”. Mas denunciamos com todas as nossas forças, nenhuma pessoa ou organização tem o direito de reclamar para si a exclusividade da expressão “Espírita” ou “Centro Espírita”. Respeitando as palavras de Alllan Kardec, pode usar essencialmente por dois motivos: ou porque as suas actividades estão associadas com o estudo e/ou exercício da mediunidade ou porque essas actividades estão associadas à obra de Allan Kardec.
Tendo em atenção a definição de Allan Kardec, toda a pessoa organização tem direito a usar a designação “Espírita” e “Centro Espírita” se tiver como base o estudo e/ou exercício da mediunidade, independentemente de ensinar ou não as obras de Allan Kardec. Pode até nem o fazer. Pode até mesmo ser um centro de estudos de outra religião, como o Budismo, o Hinduísmo, o Judaísmo…
Mas se tiver como base a mediunidade, será coerente que utilize a expressão “espírita” ou “centro espírita”.
Isto porque segundo Allan Kardec “espírita” simplesmente quer dizer alguém que acredita tanto na ideia que o ser humano é uma alma como acredita na mediunidade. Ponto final.
De forma alguma organizações ou federações ditas “espíritas kardecistas” podem reivindicar o uso exclusivo desses termos nem julgar que são um novo “vaticano” e dizer ao mundo inteiro como exercer a mediunidade, dizendo aos outros o que podem fazer ou não.
– UMA PROPOSTO DE DESIGNAÇÃO. Um Centro Espírita que apenas estude e ensine as obras de Allan Kardec pode ser chamado de “Centro Espírita Kardecista”. Mas não tem o direito de reclamar para si a exclusividade da expressão “Centro Espírita” e pensar que quem faz diferente (por exemplo, estuda outros autores ou outras religiões para além do Cristianismo) não é um Centro Espírita.
A expressão mais correcta seria “Centro Espírita Kardecista.” E Centro espírita Kardecista Amador” se os serviços forem disponibilizados por amadores e não por profissionais.
E se a questão do dinheiro e da mediunidade enquanto profissão continuarem a ser importantes e motivo de cisma para alguns dirigentes, uma sugestão de uma expressão completa seria “Centro Espírita Kardecista Amador”.
“Centro Espírita” significa que se trata de um Centro de Espiritualidade Mediúnica. As suas actividades estão relacionadas com a mediunidade: consultas, tratamentos, aulas…
“Kardecista” significa que o único autor estudado é Allan Kardec ou pelo menos, as suas actividades são maioritariamente organizadas em torno das obras de Allan Kardec.
“Amador” significa que as pessoas disponíveis são amadoras e voluntárias, distinguindo-se dos profissionais.
Esta designação distingue-se por exemplo de “Centro Espírita Eclético Profissional”.
“Centro Espírita” significa que se trata de um Centro de Espiritualidade Mediúnica tal como foi referido atrás.
“Ecléctico” significa que estuda, ensina várias correntes espirituais.
“Profissional” significa que as pessoas que atendem são profissionais, especialistas nos assuntos e serviços que disponibilizam ao público e com responsabilidades sociais e jurídicas (pagam impostos, têm de obedecer às leis do país e podem a qualquer momento ser supervisionados por autoridades competentes).
Exemplos de designações:
Centro Espírita Kardecista Amador
Centro Espírita Kardecista Profissional
ou
Centro de Espiritualidade Mediúnica Kardecista Amador
Centro Espiritualidade Mediúnica Kardecista Profissional
Centro Espírita Umbandista Amador
Centro Espírita Umbandista Profissional
ou
Centro de Espiritualidade Mediúnica Umbandista Amador
Centro de Espiritualidade Mediúnica Umbandista Profissional
Centro Espírita Eclético Amador
Centro Espírita Eclético Profissional
ou
Centro de Espiritualidade Mediúnica Eclético Amador
Centro de Espiritualidade Mediúnica Eclético Profissional
Centro Espírita Hinduísta Amador
Centro Espírita Hinduísta Profissional
ou
Centro Espírita Hinduísta Amador
Centro de Espiritualidade Mediúnica Hinduísta Profissional
Centro Espírita Judaísta Amador
Centro Espírita Judaísta Amador
ou
Centro de Espiritualidade Mediúnica Judaísta Amador
Centro de Espiritualidade Mediúnica Judaísta Profissional
Etc…
De igual modo, se uma pessoa ou conjunto de pessoas ter preferência por um autor, o nome poderá indicar essa preferência. Uma sugestão seria colocar o nome do autor no fim para evitar alterações de nome embaraçosos.
Exemplos:
Centro Espírita Amador Allan Kardec
ou
Centro de Espiritualidade Mediúnica Profissional Allan Kardec
Centro Espírita Amador Ramatis
ou
Centro de Espiritualidade Mediúnica Profissional Ramatis
Centro Espírita Amador Allan Kardec e Chico Xavier
ou
Centro de Espiritualidade Mediúnica Allan Kardec e Chico Xavier
Centro Espírita Amador … (nome de qualquer autor ou autores)
ou
Centro de Espiritualidade Mediúnica Profissional (nome de qualquer autor ou autores)
Lembramos que o foco é a mediunidade. Segundo a proposta de Allan Kardec um Centro Espírita é um local onde se estuda e/ou exerce a mediunidade. Deve ser deixado ao critério de cada um as regras, qual a qualidade do serviço que quer e tem capacidade para exercer. Até porque dessa qualidade e esforço, quer finaceiro quer pessoal, dependerá a justiça de poder ser amador e voluntário ou profissional.
Cismar em certos erros assim como na falta de adaptação aos tempos actuais, às necessidades actuais é grave erro. É matar um movimento que tem algo muito importante a dizer ao mundo. É no mínimo, estagnar no tempo.
Fazer o que algumas pessoas querem fazer do espiritismo kardecista, e para sermos perfeitamente precisos, das obras de Allan Kardec, seria como um indivíduo ou grupo de pessoas fanaticamente querer proibir toda a Humanidade de criar ou manter um movimento de estudo ou uma seita religiosa em torno da Bíblia. Só esse indivíduo ou essa pessoa teria a “verdade absoluta” mesmo que deturpando claramente ideias e frases… Não é algo novo. Sempre os mesmos erros…
CONCLUSÃO
– É da mais elementar justiça um serviço que custe dinheiro seja pago por quem dele se beneficie. A profissionalização dos médiuns e dos serviços espirituais é o futuro. Só assim se poderá atrair para a espiritualidade em número suficiente pessoas capazes e não apenas médiuns demasiado imperfeitos e pouco produtivos.
Por vontade de Deus sempre haverá serviços gratuitos de espiritualidade. Sempre haverá pessoas com essa missão. Mas a profissionalização é o futuro. E esse futuro já está a acontecer.
Os erros que se poluem o espiritismo kardecista estão a contribuir para que o Espiritismo Kardecista fique estagnado e as populações não se espiritualizem de forma mais eficiente. O resultado são as dezenas e dezenas de livros que dizem a mesmas coisas, pouco acrescentando de novo e as pseudo-psicografias que nada mais são que plágios umas das outras…
Milhares de pessoas dizem “Fui a um Centro espírita e não fui ajudado, não souberam o que fazer comigo… “
E porquê? Porque só com a profissionalização da espiritualidade será possível fazer um bom trabalho. Não com amadores, curiosos, voluntários que muitas vezes nem para eles sabem. Claro que existem excepções. Mas o seu número é demasiado pequeno. E quando algum excepção existe, muitas vezes não a deixam ser excepção. É que um dos “cancros” de alguns Centros Espíritas é que quem manda não é médium. E corta as asas de quem deveria orientar, e até dirigir…
Quem é que no seu perfeito juízo tem um filho doente, como uma doença física, uma infecção por exemplo, e o entrega nas mãos de amadores em vez de ir a o médico especialista?
Quem é que tendo problemas com a justiça vai pedir a opinião a um curioso em vez de recorrer a um especialista em Direito, um advogado?
Parem de brincar com coisas sérias, os senhores que dizem que a Mediunidade não pode ser uma profissão! Sempre houve médiuns profissionais.
Os chamados Centros Espíritas Kardecistas têm as seguintes características:
– São constituídos por amadores e voluntários
– Disponibilizam serviços gratuitos
– Qualquer pessoa independentemente dos seus conhecimentos, capacidades mediúnicas e interesses podem abrir um, seja numa propriedade própria ou alugada
– Não tem de obedecer a nenhuma autoridade pois o espiritismo não tem nem foi criado para obedecer a uma hierarquia
– Como não é um serviço profissional, mas um serviço de cariz religioso e gratuito, não é constituído nenhum contrato formal, logo, não há qualquer responsabilidade legal nem têm de prestar contas a ninguém. Uma pessoa pode ser enganada, prejudicada e legalmente nenhumas contas têm a prestar….
Queremos deixar claro que não somos contra os serviços de espiritualidade gratuitos. Tanto quanto os nossos Guias nos dizem, os serviços gratuitos e voluntários de espiritualidade sempre irão existir para que certos serviços se tornem disponíveis a todos. Mas outro caminho irá ser desbravado: o da profissionalização.
Como em qualquer área do conhecimento, só com a profissionalização será possível criar verdadeiros especialistas em espiritualidade, se conseguirá atrair pessoas competentes e sérias, que farão o seu trabalho honestamente sem a preocupação de estar a incorrer nos erros mais comuns e até mesmo, para proteção e credibilidade do público. Um profissional da espiritualidade terá de pagar os seus impostos e terá responsabilidade social e jurídica. Isso aumentará a credibilidade das pessoas.
Uma pessoa que apresenta como profissional, que esteja registada nos serviços do estado (nas finanças), que pode a qualquer momento ser supervisionada por autoridades (em Portugal a polícia ASAE), certamente que dará à partida uma imagem de maior credibilidade, competência e seriedade.